7 de out. de 2012

O ORNITÓLOGO



        Existiu uma época em que eu trabalhei como porteiro num parque municipal na cidade onde moro e todos os domingos aparecia por lá um rapaz trajando calças jeans, camiseta branca, um “surrado” tênis e uma máquina fotográfica profissional e ao entrar no parque pedia permissão para poder fotografar os pássaros existentes no local.
         A primeira vez em que ele apareceu no parque o sol ainda estava preguiçosamente começando a surgir no horizonte e a tímida lua negava-se a abandonar o céu entre o chilrear dos pássaros que misturava com os barulhos das folhas das árvores que o vento fraco lançava sobre o meu escritório ao ar livre.
         Consultei a minha encarregada sobre a permanência daquele rapaz no parque e expliquei a ela que o mesmo era um ornitólogo e vinha ao parque somente para fotografar espécies raras de pássaros e ela pediu para que eu acompanhasse a permanência do ornitólogo no parque.
         Recebi a ordem com muito carinho e alegria, pois seria a primeira vez que teria a oportunidade de acompanhar um ornitólogo e aquele momento me pareceu muito apropriado para saber um pouco mais sobre pássaros e sobre a atividade daquele rapaz que a princípio mostrou-se um pouco acanhado com a minha presença ao lado dele e deu-me algumas instruções que como eu deveria comportar-me diante das situações que surgiriam a partir daquele momento.
         Seguia-o a distância e ficava atônito com tanta paciência daquele rapaz que ao ver algum pássaro raro entre as árvores, colocava o dedo indicador sobre os lábios e pedia silêncio absoluto para que o pássaro pudesse pousar delicadamente em algum galho da árvore e ele imediatamente retirava a sua potente máquina fotográfica profissional mirava para o pássaro e lá ficava eternos minutos para capturar o melhor ângulo, a melhor paisagem e eu ficava observando ao longe e ficava encantado quando escutava o barulho da máquina fotográfica sendo acionada e torcendo para que o pássaro tivesse sido fotografado e a foto tivesse uma ótima definição.
         Após fotografar o pássaro observava-o levantar-se vagarosamente e caminhar lentamente entre as árvores mexendo na máquina fotográfica e meu coração ficava muito feliz e aliviado quando observava um sorriso de felicidade no rosto do ornitólogo, pois tinha certeza que a foto tinha sido um êxito e ele imediatamente mostrava a foto através de um pequeno visor como se fosse um troféu, mexia aqui, mexia acolá na máquina e novamente ficava olhando para o topo das árvores para capturar novos pássaros que faziam uma verdadeira festa naquele lindo domingo ensolarado.
         Lá pelas nove horas da manhã, ele guardava a máquina carinhosamente colocando-a na mochila, despedia-se educadamente e retirava-se silenciosamente do parque desejando-me um bom dia e até a próxima semana.
         Então eu voltava novamente para a guarita e ficava imaginando que qualquer dia ainda iria escrever uma crônica sobre o meu amigo ornitólogo que tanto amava e ainda ama os pássaros, assim como São Francisco de Assis.

Um comentário:

suely disse...

Puxa Luiz... é muito lindo os momentos que vivemos com pessoas que as vezes nem veremos mais...mais q fez parte de nossos momentos. vc viveu muitos momentos felizes e outros nem tanto... mais vc viveu e viverá sempre so pelo fato de compartilhar conosco eles, e escrevendo ainda serás eterno...obrigado... eu e o Nel tbm. tiramos fotos dos passaros la do trote... rsrsrsr so saia as arvores. rsrsr precisamos tirar umas instruço~es de foco. rsrsr bjs. te amo.