28 de fev. de 2012

TAXI

          Somente a maior cidade da América Latina, São Paulo poderia proporcionar-me a satisfação de locomover-me diariamente durante um período de dois anos pelas “esburacadas” e lindas ruas da Metrópole.
           Logo no primeiro dia do meu mais novo emprego fui informado que iria fazer inspeções externas de equipamentos de informática e estaria a minha disposição uma Cooperativa de Taxi que me levaria para todos os lugares onde se fizesse necessário. Fui logo indagando ao Gerente da Empresa:
- Mas isto realmente é verdade ou é apenas uma brincadeira?
- É meu querido, nossa empresa fornece taxi para todos os funcionários que façam serviços externos indiferente da posição hierárquica.
- Como devo proceder para chamar um taxi?
- Fácil, você ficará em poder de um boleto e assim que você chegar ao seu destino o motorista dirá a você qual é o valor da corrida, você preencherá o boleto com a quantia e tudo estará certo e posteriormente a empresa acertará com a cooperativa.
           Pensei: Nossa que maravilha! Vou poder andar de taxi na minha querida Sampa! Em pensar que algum dia atrás andava a pé, de ônibus lotadíssimos, metrôs entupidíssimos de almas e trens apertadíssimos. Mais um grandioso presente inesperado!
           E assim comecei minha nova jornada nesta empresa andando de taxi para todos os lugares onde existia inspeção para ser feita.
           Os lugares eram os mais variados: Região do Aeroporto de Congonhas, Alphaville , Sorocaba, Campinas e vários lugares que eventualmente apareciam.
            Então ia para a firma onde a inspeção seria feita e após terminar meu trabalho, ligava e lá estava o taxi a minha disposição para levar até minha residência ou qualquer outro lugar que eu indicasse.
             Existia até uma música na época que não me recordo da cantora que dizia: Vou de taxi! (Acho que era a Eliana). E assim que chamávamos um taxi imediatamente um colega de serviço começava a cantar a tal música zombando do grande privilégio existente para nós inspetores externos.
             Recordo-me quando estava inspecionando duzentos teclados numa indústria e fazia-se necessário algumas horas extras, então liguei para o meu Gerente dizendo que terminaria o serviço somente de madrugada e haveria a necessidade de eu ir para minha cidade naquele dia e ele não hesitou e pediu gentilmente que assim que terminasse o serviço chamasse um taxi e pedisse para o mesmo conduzir-me até o meu destino. Terminei o serviço às 2 horas da manhã, chamei um taxi de luxo que me conduziu até a cidade de Jacareí-Sp, distante uns 100 quilômetros da onde eu estava. Achei sensacional e pensava: caramba, se toda a empresa fosse assim, seria uma maravilha!
        Acabei fazendo várias amizades com motoristas de taxis e existia um motorista que ficamos tanto “amigos” que constantemente ele emprestava sua casa em Caraguatatuba para eu passar minhas férias, ou finais de semana.
        Um acontecimento inusitado aconteceu numa véspera de Natal quando entramos de taxi no mar de carros do estacionamento de um grande shopping e não anotei o local onde deixei o motorista esperando-me e fui comprar um disco e quando retornei não conseguia encontrar novamente o taxi, então tive que esperar quase todos os carros irem embora para localizar o taxi, e o taxímetro rodando, rodando e quando apresentei o Boleto para o meu Gerente ele ainda brincou dizendo por onde eu andara por apresentar um valor muito acima da média? Talvez eu tivesse ido Rio de Janeiro ou Curitiba!
Contei o ocorrido a ele e rimos muito da minha inocência.
            Mas de tanto andar de taxi, acabei não querendo andar mais em outro meio de transporte e aí nos finais de semana quando havia necessidade de locomover-me pegava um taxi particular e então meu bolso reclamava, mas mesmo assim foram necessários vários meses após eu desligar-me da empresa onde eu trabalhava para voltar a andar de ônibus, metrô ou trem e dizia com uma pontinha de saudade: Poxa vida, eu era rico, riquíssimo e não sabia. Que tristeza pegar estas conduções apertadíssimas, mas consegui sobreviver e hoje só pego taxi quando há dinheiro disponível, ou seja, sobrando, então concluindo: Não ando mais de taxi! Que saudades! Qualquer dia destes vou andar de taxi para “matar” a saudade daqueles lindos dias que existia sempre um taxi a minha disposição. Tempos bons não voltam mais! Saudade!