27 de abr. de 2014

COPA DO MUNDO

E a copa do mundo já estava em andamento em 2002 e eu resolvi fazer uma visita a minha irmã no bairro da Vila Maria Alta em São Paulo, Brasil.
         E lá estava eu sentado confortavelmente no sofá da casa da minha irmã Sônia conversando sobre tudo com o meu cunhado Antelmo e o meu querido sobrinho Evandro fez-me um pedido:
- Tio, que tal a gente fazer alguns desenhos e pintar a rua Santa Fé do Sul?
         Aprumei-me e fiquei pensando se poderia ajuda-lo e questionei se já existia infraestrutura para começarmos a pintar a rua e foi quando ele disse:
- Ora tio não há necessidade de nada, queremos apenas que o senhor desenhe a bandeira do Brasil e alguns desenhos na rua e amanhã eu vou de casa em casa solicitando ajuda para comprarmos as tintas necessárias para pintarmos os desenhos.
         Olhei para relógio e os ponteiros assinalavam 18h30min, levantei-me e disse: Posso desenhar a rua toda mas necessito beber algumas cervejas, é possível? O meu sobrinho disse: Claro tio, dinheiro para comprar as cervejas nós temos.
         Imediatamente subi vagarosamente as escadas da casa da minha irmã com alguns giz nas mãos e resolvi iniciar o desenho da bandeira do Brasil bem em frente da casa da minha irmã e vários garotos moradores da rua e os meus sobrinhos começaram a ajudar a esticar o barbante que serviria para começar a esboçar os primeiros traços da nossa querida bandeira nacional.
         Passados alguns minutos a bandeira já estava totalmente desenhada e foi quando eu disse:
- Mas onde está a cerveja que vocês prometeram? Não existe cerveja, não existe desenho e resolvi abandonar tudo e voltar a sentar no sofá da sala da minha irmã.
         Meu sobrinho apareceu na porta da sala e pediu para eu ir até a rua e ver a surpresa que eles tinham preparado para mim e foi quando eu cheguei no portão e avistei uma enorme mesa de madeira colocada bem no meio da rua e ao lado uma imensa caixa de isopor lotada de garrafas de cervejas nadando em gelos e eu disse: Os desenhos continuam e por favor enche o primeiro copo de cerveja e arrumem uma maneira de interditar a rua para podermos trabalhar com mais segurança.
         Comecei a desenhar o piu piu chutando uma bola de futebol e quando eu estava concentrado no desenho e a rua já estava totalmente interditada com um carro do meu irmão em uma ponta e outro carro na outra ponta apareceu um garoto e questionou-me:
- O senhor é desenhista? Faz grafite? E eu agachado levantei-me e disse:
- Eu não sou nada, apenas aprendi alguns traços rudimentares de desenho e atendendo ao pedido do meu sobrinho resolvi traçar estas pífias linhas no asfalto.
         O garoto sorriu e disse se eu aceitava uma ajuda para desenhar a rua e eu imediatamente disse que qualquer traço seria bem-vindo. Sentei-me sobre a mesa e enchi meu copo de cerveja e fiquei a apreciar a habilidade daquele pequeno garoto que em apenas alguns minutos desenhou vários desenhos sobre o asfalto.
         Calmamente aproximei-me do nosso recém chegado desenhista e disse: rapaz, quanto talento! Onde aprendeu tudo isto? O jovem sorriu e disse: Trabalho como desenhista em uma agência de publicidade e vendo toda esta alegria e todo o esforço do senhor resolvi ajudar.
         A partir daquele momento eu era apenas um mero coadjuvante do desenhista que tinha chegado sorrateiramente e estava colocando todo o talento sobre o asfalto.

         Terminamos de desenhar já passava das quatro horas da manhã e o mais lindo era observar a felicidade estampada no rosto dos garotos da rua que reunidos agradeceram a nós e foram dormir prometendo que no dia seguinte todos os desenhos seriam pintados.

23 de abr. de 2014

MISSA NA ROÇA

A missa acontecia no último domingo de cada mês na pequena igreja do bairro do Ripiado em Salesópolis, estado de São Paulo.
         A simplicidade das poucas casas de pau a pique ao redor da igreja era herança dos tropeiros que cortavam estreitos caminhos carregando vários tipos de mercadorias em lombos de mulas para serem negociadas no litoral paulista.
         Neste dia todo o povoado aguardava ansiosamente a chegada do padre que vinha a cavalo abrindo e fechando porteiras e quando o mesmo chegava na vila todos reverenciavam desejando boas-vindas com muita alegria.
         Aos poucos os cavalos iam sendo amarrados ao redor do grande casarão e após a missa era servido café com vários biscoitos preparados por senhoras moradoras na roça.
         A igrejinha ficava no alto de um morro e as pessoas iam chegando lentamente e cumprimentando-se e passados alguns minutos a missa começava com o padre agradecendo a presença de todos e abrindo a bíblia pedia silêncio e ficava a orar caladamente.
         Algumas moças olhavam para o lado e para trás para poder avistar algum moço de outras vilas e serem notadas para uma posterior paquera após a missa.
         A presença de um moço morador da capital paulista chamava atenção da jovem Thereza Miranda da Silva que neste domingo tinha levado o irmão Evaristo Miranda para poder assistir à missa e assim que o moço José da Silva entrou na igreja e sentou-se ao lado daquela jovem e lá ficaram entreolhando-se entre uma oração e outra o pequeno Evaristo queria sair do banco para observar o padre mais de perto.
         Terminada a missa a jovem deixou o garoto Evaristo em frente a um altar com algumas velas na mão e disse que esperasse um pouco que iria conversar com o jovem José da Silva e assim saiu para uma conversa e possíveis paqueras entre os mesmos.
         Passados alguns minutos a jovem Thereza voltou para dentro da igrejinha para pegar o garoto Evaristo para irem beber o café com biscoitos que já estavam sendo servidos no casarão e ficou muito surpresa quando perguntou sobre as velas e soube que o garoto tinha comido todas as velas. A jovem ficou um pouco zangada com o irmão e pediu para o mesmo limpar a boca e lá seguiram para o delicioso café com biscoitos que estavam sendo servidos entre animadas conversas entre os moradores da roça.
         O padre após servir-se de alguns copos de café e comer alguns biscoitos acenava pedindo muita paz para todos e ainda teve tempo de ouvir a história das velas comidas pelo pequeno garoto.

         Aos poucos todos iam desamarrando os cavalos e cumprimentavam-se pois era chegada a hora de retornar para suas casas e aguardar a próxima missa e assim a jovem Thereza seguia para casa segurando a mão do garoto comedor de velas e assim que chegaram em casa os seus pais perguntaram se tinha tudo corrido bem e ela dizia que tudo estava ótimo e ouviu a garoto dizer: Os biscoitos estavam ótimos, mas gostei mesmo foi das velas! Entre sorrisos ia deitar-se apaixonadamente pensando na próxima missa na roça e reencontrar o querido namorado José da Silva.

15 de abr. de 2014

FELIZ ANIVERSÁRIO!

   












                                                            
                                                                  O dia estava terminando e  o  Sol ia   desaparecendo   mansamente    no horizonte atrás de grandes montanhas existentes  em  um  distante  bairro da querida cidade   de Guarulhos.
         Sentei-me em um tronco de madeira que estava embaixo de uma frondosa árvore e fiquei a admirar aquele espetáculo maravilhoso da natureza
         O Sol tinha desaparecido atrás das montanhas deixando meus olhos um pouco embaraçados e resolvi conferir se todas as pesquisas estavam feitas naquele bairro e notei que faltava apenas uma casa para ser pesquisada e pelo mapa a casa ficava na rua paralela a que eu estava.
         Desci a estreita viela e ao longe eu podia ouvir gritos e risadas de crianças que pareciam muito felizes. Parei em frente da casa e observei várias crianças correndo em todas as direções, bati palmas e logo fui atendido por um grupo de crianças que perguntaram o que eu queria.
         Esbocei um sorriso de boas-vindas e pedi para falar com o dono da casa e imediatamente um garotinho gordinho abriu a tramela do portão corroído pelo tempo, pegou minha mão e disse:
- Pode entrar moço para participar do meu aniversário, meu nome é Francisco e o pessoal me chama de Chiquinho e o nome do senhor como é?
Tentei explicar para o garotinho que eu tinha ido fazer uma pesquisa naquela residência e ele não entendeu absolutamente nada e levou-me até um banco de madeira posicionado ao lado de uma pequena mesa totalmente enfeitada e pediu para eu sentar que ele iria chamar o papai.
         O tempo foi passando e eu lá aguardando o proprietário da residência aparecer e todos que passavam  cumprimentavam-me alegremente e foi quando apareceu uma garota com uma bandeja lotada de deliciosos salgadinhos e vários copos de refrigerantes e ofereceu educadamente os salgadinhos tentei recusar mas a fome era maior e aceitei alguns salgadinhos e um copo de refrigerante.
         Passados alguns minutos apareceu uma senhora muito gorda e depositou delicadamente um enorme bolo de chocolate em cima da enfeitada mesinha e advertiu a garotada que não era para “beliscar”” e nem furar o bolo com os dedinhos inquietos até a hora que o mesmo fosse servido e ainda pediu educadamente para eu ficar vigiando a criançada para que o bolo não fosse mexido.
         Sem entender nada do ocorrido fiquei a admirar a alegria contagiante das crianças correndo por todos os cantos da casa entre gritos estridentes, bexigas estouradas e sorrisos altos.
         Algumas senhoras começaram a chamar todas as crianças existentes na casa e posicioná-las ao redor da mesa, a luz foi apagada e começaram a cantar o “Parabéns” entre alguns cliques de uma máquina fotográfica. Fui servido com uma generosa fatia de bolo e após os ânimos estarem um pouco menos acirrados fui perguntar pelo proprietário da casa que sorridente disse:
- Pois é senhor, este nome que o senhor está procurando não mora nesta casa e sim ao lado, come mais um pedaço de bolo!
         Desejei um Feliz Aniversário para o Chiquinho e lá fui eu para a casa vizinha fazer minha pesquisa.