20 de fev. de 2012

SÁBADO NO CLUBE


A Felicidade às vezes resume-se em alguns minutos que marcam tanto nossa memória que jamais esquecemos. Eu era garoto, tinha 15 anos de idade, trabalhava como office-boy numa Companhia de Seguros no centro de São Paulo e nos finais de semana adorava ir a um clube na Mooca, chamado Centro Educacional da Mooca. Lá a diversão era garantida pelo complexo de três enormes piscinas que proporcionavam a alegria de tantos garotos e garotas dos bairros da periferia.
      Aos sábados, levantava-me bem cedinho, tomava um demorado banho, alimentava-me com deliciosas rabanadas preparadas por mamãe, colocava meu short jeans, camiseta regata, chinelo havaiana e seguia assobiando até o ponto de ônibus mais próximo de casa.
      O Sol enchendo o dia de alegria penetrava pelas janelas do coletivo dando sinais que o dia seria maravilhoso. Descia na Av. Radial Leste, passava na banca de jornal e comprava uma revista chamada “POP” e o jornal O Pasquim e seguia alegremente até o clube da Mooca.
      O bom dia ao porteiro era espontâneo e carregado de “Muito Obrigado por existir aquele clube maravilhoso”.
      Sentava-me nas macias e confortáveis poltronas de uma enorme sala de descanso, folheava a revista POP e encantava-me com fotos de praias maravilhosas, lugares encantadores e hippies andando pelo Mundo. Viajava nas páginas e ficava imaginando a alegria daqueles fotógrafos, jornalistas em fazer uma viagem tão linda.
      O tempo ia passando e as pessoas iam vagarosamente chegando ao clube, porque sábado era e ainda é um dia propício para dar espaço para a alma e fazer tudo com mais calma.
      Às vezes quando estava lendo um artigo da revista ou do Jornal, ficava tão compenetrado que esquecia que estava num clube e só ouvia os cantos dos pássaros saudando o dia maravilhoso.
      De tanto freqüentar o clube, consegui uma namoradinha chamada Rebeca, a mesma morava na periferia e freqüentava o clube assiduamente todos os finais de semana.
      A beleza de Rebeca era indescritível, era morena, cabelos longos, olhos verdes e adorava ler; a leitura foi um bom começo para o inicio do nosso singelo relacionamento.
      Sempre que Rebeca chegava ao clube, entrava sorrateiramente e sentava-se ao meu lado, às vezes nem percebia a presença da garota, mas o perfume que ela usava invadia meu olfato e denunciava sua presença e ela dizia calmamente:
-  Nossa, este artigo que você está lendo deve ser muito bom, pois nem percebeu minha presença!
Um pouco envergonhado, levantava-me e dava um carinhoso beijo na sua face e pedia mil desculpas pela distração. Ela sorria, abraçava-me e íamos tomar um delicioso café na cantina do clube.
       Lá pelas 10 horas entrávamos na piscina e ficávamos apreciando o que existia de mais encantador: O Sábado, a piscina e o lindo sorriso da minha querida namoradinha chamada Rebeca.