20 de jan. de 2013

NOVO CAMINHO



        E lá estava eu debruçado em cima da minha prancheta tentando terminar mais um dos inúmeros desenhos técnicos para entregar na segunda-feira na Escola Técnica onde eu estudava quando minha tia abriu a porta do meu quarto e disse que minha namorada queria falar comigo.
         Fui até o portão e minha namorada disse-me entre soluços e muitas lágrimas que iria embora da cidade onde morávamos e perguntou-me se eu não gostaria de acompanha-la. Um enorme ponto de interrogação formou-se na minha mente e tentei acalma-la pedindo que ficasse e tentasse contornar a situação, pois no outro dia sairíamos para procurar uma casa numa cidade vizinha e assim iríamos morar juntos.
         No outro dia saímos bem cedo e fomos procurar uma singela casa onde pudesse aconchegar nossas almas e após muita caminhada e vários ônibus tomados conseguimos achar uma humilde casinha num bairro distante do centro da cidade, num cortiço rodeado de lindas árvores e muito mato.
         Acertamos com a proprietária do cortiço e dissemos que no outro dia a gente mudava para a casinha. Segui para minha casa para preparar a mudança que consistia em vários livros, algumas roupas e minha prancheta de desenho e minha namorada foi dormir num hotel da cidade.
         No outro dia fui até a casa de um colega que tinha uma picape e descrevi o meu problema e ele imediatamente disse que poderia transportar as poucas coisas que nós tínhamos. Encostou a picape na frente da minha casa e colocamos toda a minha tralha em cima da caminhonete e seguimos viagem até a singela casinha do cortiço.
         Durante o trajeto pedi que meu colega parasse numa lojinha, pois necessitava comprar alguns apetrechos para nosso novo lar e assim comprei: duas colheres, dois garfos, dois copos, uma panelinha pequena e seguimos viagem.
         Chegamos à noite no cortiço, meu colega ajudou-me a descarregar, desejou-nos boa sorte e acelerou seu carro e foi embora. Entramos e colocamos o colchão num canto do cômodo e os talheres em cima da minha prancheta e sentamos no chão e começamos a refletir no que seria nossa vida e após muito pensar resolvi sair para comprar um lanche para comermos.
         Passados alguns dias tudo parecia que ia melhorando, pois minha namorada estava trabalhando numa indústria e eu tinha pedido a conta do meu serviço para estudar para um concurso público e após alguns meses fui aprovado e comecei a trabalhar também.
         Fizemos muitas amizades com o pessoal que morava no cortiço e recordo-me de uma senhora que tinha inúmeros filhos e minha namorada ficou muito amiga desta senhora e aos sábados ela vinha até a porta da nossa humilde casinha preparar uma deliciosa feijoada no improvisado fogão à lenha que eu tinha construído e todos nós comíamos com muito prazer a suculenta feijoada, pois a mulher cozinhava muito bem.
         Quando eu chegava da escola, lá pelas onze horas da noite, lá estava minha namorada esperando-me para namorarmos um pouco embaixo de um abacateiro sob a maravilhosa lua cheia e entre um beijo e outro escutávamos barulhos de vários carros que seguiam para Campos do Jordão e barulhos de grilos e sapos que ajudavam o momento ficar mais maravilhoso e encantador.
         Ficamos muitos meses morando neste cortiço e decidimos morar perto da minha escola e todo o encanto ficou marcado no nosso coração, por termos feitos várias amizades e o local, embora muito afastado do centro da cidade proporcionava vários momentos de alegria e amor.