27 de mai. de 2017

O vendedor de empadas



       Desde que chegara da ilha as portas e os horizontes pareciam muito distantes e os primeiros trocados sumiram dos bolsos da surrada calça jeans. Após longa pesquisa em mal dormidas noites aquele senhor grisalho,  resolveu fazer e vender empadas pelo comércio local da pacata cidade de Jacareí.
       As primeiras empadas não saíram muito boas devido à falta de experiência e entre um tropeção e outro na massa começaram a aparecer os primeiros clientes que até solicitavam algumas encomendas ao longo da semana.
       O tempo foi passando e o senhor atingiu a perfeição na arte de fazer empadas de todos os sabores e assim ia seguindo a vida entre frango com catupiry, palmito, camarão, bacalhau e outros sabores. Decidiu mudar de cidade e acabou optando por Guarulhos e seguiu fazendo e vendendo as empadas pelo comércio local da cidade.
       As novas amizades começaram a aparecer e situações inusitadas eram constantes no cotidiano do vendedor de empadas que seguia em frente com sua caixinha de isopor no ombro e um sorriso no rosto em busca de novos clientes.
       Em um determinado dia após vender seis empadas para uma simpática senhora a mesma disse que não tinha onde armazenar para levar para casa e após alguns minutos abriu uma bolsa e pegou seis porta dentadura e colocou as empadas cuidadosamente e seguiu para casa toda sorridente e feliz.
       As histórias continuavam a surgir constantemente e um senhor dono de uma papelaria comprava as empadas porque lembrava da mãe que fazia empadas e o pai ia vender no comércio local.
       De porta em porta as empadas eram comercializadas diariamente e os fregueses começaram a aumentar até que um rico comerciante ofereceu um local para que as empadas fossem comercializadas sem o sacrifício de ficar andando e andando pelas ruas da cidade.
       Hoje o comércio de empadas na cidade tornou-se uma referência e lá está aquele senhor fazendo e vendendo as melhores empadas de Guarulhos.

6 de mai. de 2017

Inspiração

             E todas às vezes em que eu necessitava galgar mais um degrau da minha existência, aportava em uma “residência” que tanto inspirava-me em estudar e progredir em todos os aspectos da minha existência.
        As mágoas de outrora transformavam em fonte de inspiração, o papel em branco, a mente vagava entre um aceno e outro eu deixava rolar uma lágrima do fundo da alma, empunhava a caneta e escrevia pensamentos do momento que nem sempre eram profícuos.
        Entre um trago e outro no cigarro paraguaio, goles de cerveja de quinta categoria tentava encontrar soluções inatingíveis para o caos do momento. Alguns cachorros latiam no quintal da residência e meu pensamento transportava-me para uma infância bem distante em que os cachorros anunciavam bons presságios.
        Foram inúmeras as vezes em que levantei da cadeira para buscar inspiração para o meu novo texto, o barulho do vento e a chuva traziam um pouco de tristeza, lembranças ecoavam na minha alma vazia naquele momento.
        Felizmente após alguns momentos de reflexão e um pequeno acesso à internet a luz apareceu através de um edital de um Concurso Público para o cargo de Monitor de Creche, de uma Prefeitura do interior do Estado de São Paulo, analisei o edital, o número de vagas, a banca e resolvi investir no cargo e a partir daquele momento o tempo ocioso eram gastos com intensas leituras de matérias específicas.
        Quanto a prova objetiva o medo parecia distante, mas existia a prova prática e o receio de ter desaprendido a trocar uma fralda e preparar uma mamadeira permeavam minha mente.
        As alegrias e o entusiasmo em poder voltar a um passado bem distante quando ajudava minha patroa com estas atividades quando meus filhos eram crianças deram-me forças em lançar-me de corpo e alma em busca daquele cargo público.
        O sono, o cansaço e as horas de estudos às vezes faziam minha inspiração jazer em algum canto da residência em busca de novos ares, novas amizades e assim prosseguia com muita perseverança em busca desta nova etapa da minha vida.
        O tempo foi passando e meu grau de confiança foi aumentando e eis que chega o grande dia da prova. Rodoviária do Tietê sentido interior..

        Entre o vaivém dos pensamentos volto as apostilas em busca de mais um entusiasmo e uma boa dose de inspiração.