26 de fev. de 2012

RÁDIO

          Existem pessoas que ouvem rádio apenas por ouvir, lá está o rádio ligado a pessoa ouve e a palavra do locutor entra por um ouvido e sai pelo outro.
Mas há pessoas que realmente amam as transmissões radiofônicas, como é o meu caso, pois adoro ouvir rádio e é um hábito que meu pai deixou-me como herança e até hoje sou muito grato pelo presente maravilhoso que papai deixou: Ouvir rádio.
           Ouço rádio desde criancinha, pois na nossa casa existia um rádio a pilha que papai adorava ouvir os programas esportivos, especialmente Futebol devido à grande paixão que papai nutria pelo São Paulo Futebol Clube e lembro-me de mamãe lavando louças à noite eu sentadinho numa cadeira e o radinho tocando lindas músicas de outrora.
           Acreditem, quando eu tinha seis anos de idade  até a Voz do Brasil adorava ouvir junto com uma senhora chamada Arminda, que eu carinhosamente chamava-a de Vó Arminda e então ficávamos sentados numa escada na entrada da cozinha ouvindo A Voz do Brasil enquanto mamãe preparava o jantar.
            Mas pra quase tudo existe uma explicação e o amor pelo rádio foi em função da não existência da Televisão e como era bom aqueles tempos sem televisão!
            O tempo foi passando e o rádio tornou-se um amigo, um verdadeiro companheiro, pois carregava o mesmo para todos os lugares por onde eu andava quando era possível.
            Uma transmissão radiofônica que recordo até hoje foi quando estávamos em 1.966 hospedados na casa de uma avó em Salesópolis, interior de São Paulo e ouvimos todos os jogos da nossa querida Seleção Brasileira de Futebol pelo rádio. Eu ficava sentado no chão admirando os gestos nervosos de papai a cada lance transmitido pelo competente locutor e então imaginava o estádio lotado e a gente assistindo aquelas partidas. Creio que isto me ajudou muito no meu desenvolvimento, pois sempre fazia maravilhosos teatros mentais e viajava com todas as transmissões radiofônicas.
               Quando me tornei adolescente e as grandes paixões começaram a estraçalhar meu insano coração, adorava colocar o radinho de pilha embaixo do travesseiro sintonizado numa emissora que tocava lindas músicas e lá minha mente buscava aquela linda garota e trazia pra bem pertinho do meu coração.
               Mas o grande presente veio de um tio, tio Evaristo que quando completei dezoito anos ele deu-me de presente: um lindo rádio a pilha, marca Philco, cor verde.
               Nesta época eu estudava muito e o meu rádio sempre estava sintonizado numa emissora que transmitia músicas clássicas, pois havia necessidade de concentração e esta emissora proporcionava tal concentração.
               O amor que eu tinha por este equipamento era indescritível, pois quando me formei e comecei a trabalhar em fábricas, quase todas as fábricas onde trabalhei fazia questão de levar meu querido radinho verde e deixar sintonizado numa estação preferida por mim. Foram várias fábricas que levei este rádio até que numa determinada fábrica acabei deixando ele lá e furtaram o mesmo.
               Mas não desanimei e logo em seguida comprei outro equipamento e continuei a ouvir a magia das grandes transmissões de Hélio Ribeiro, o maior comunicador de todos os tempos que tinha um programa maravilhoso na década de 1.970 na Rádio Bandeirantes AM.
                Foram milhares de músicas ouvidas em vários programas, várias partidas de futebol que minha mente até hoje recorda e pessoas importantíssimas ajudaram-me a proporcionar momentos tão maravilhosos. Marconi e meu querido papai José da Silva que por onde passou deixou sublimes recordações que até hoje trago dentro do meu coração: Ouvir rádio com a alma!