Após quatro meses morando na casa do
meu querido primo José Siqueira Junior em Guarulhos, São Paulo, Brasil,
chegou a hora de partir. Tinha feito concurso público para trabalhar na
Prefeitura de Ilhabela e me chamaram para assumir o cargo e foi em um
domingo de fevereiro de 2015 que entre abraços e beijos coloquei minha
surrada barraca de camping nas costas e segui rumo a Ilha...Ilhabela.
Eu estava muito feliz com a minha convocação e ao mesmo tempo bastante
triste em ter que partir e deixar a linda família Siqueira. A despedida
foi breve e assim que fechei o portão da casa e comecei a descer a rua
sem saída algumas lágrimas brotaram nos meus olhos, respirei fundo,
aprumei a barraca de camping no ombro e cheguei no ponto de ônibus da
avenida Guarulhos. A mente vagava entre o movimentado trânsito da
avenida, encolhi minha alma, respirei fundo e peguei o ônibus para a
rodoviária do Tietê. Ainda na avenida Guarulhos lembrava dos dias
ensolarados em que eu vendia sorvetes para o comércio local e quando o
ônibus entrou na via Dutra ainda coube a doce lembrança da querida
Ednéia, proprietária da sorveteria e que tanto me ajudou. A escassez
financeira assustava minha alma e planos mirabolantes movimentavam meus
carcomidos neurônios em busca de soluções em como manter me em uma ilha
com apenas alguns míseros trocados.
A movimentada rodoviária do Tietê estava repleta de pessoas chegando e
partindo, num vai e vem frenético como pulsa a veia da querida cidade de
São Paulo. Abraços de chegadas e lágrimas de partidas misturavam-se com
gritos e alegria de algumas crianças que corriam pelo imenso corredor
da plataforma de embarque. Fechei os olhos e fiz mentalmente uma oração a
todos que me ajudaram e me acolheram, persignei-me e entrei calado no
ônibus com destino a São Sebastião. Sentei na poltrona dezesseis, abri
meu livro e comecei a ler e quando percebi já estávamos na estrada.
Alguns sorrisos de felicidade eram interrompidos por algumas brecadas
do motorista do ônibus ...a viagem prosseguia. Na região de Jacareí até
São José dos Campos fechei as cortinas da janela do ônibus para apagar
algumas lembranças de pessoas, lugares..mas nada adiantou...As pessoas
que tanto amei bailavam na minha mente e algumas lágrimas de plantão
apareceram nos meus olhos durante este trajeto. Na descida da Tamoios
consegui cochilar e quando acordei já estávamos em São
Sebastião..Ilhabela.