11 de fev. de 2013

LAMPARINAS



     Umas das lembranças mais agradáveis que tenho até hoje são as lamparinas que iluminavam nossa pequena casa num sítio sem energia elétrica.
      A pequena casa onde morávamos era desprovida de todo conforto existente atualmente, não existia energia elétrica, não existia água encanada.
      Assim que chegamos naquele sítio localizado num bairro em formação fomos a uma venda comprar as lamparinas que iriam iluminar nossas encantadoras noites de longas histórias contadas por papai, pois a inexistência da televisão era motivo para nossa união deitados ao lado de papai que usava e abusava de onomatopeias para ilustrar as lindas lendas de outrora.
      As lamparinas eram abastecidas por querosene que assim que o sol escondia-se atrás dos morros eram acesas e colocadas sobre uma pequena prateleira e lá ficava a iluminar todo o pequeno cômodo.
      O jantar era servido numa pequena mesa e o cheiro de querosene podia ser sentido em todos os cantos da casa.
      Assim que terminávamos de jantar sentávamos num velho sofá e sob a claridade da lamparina que ora iluminava muito bem o ambiente e em outros momentos parecia que iria apagar nosso pai começava a contar os “causos” de outrora que escutávamos com muita atenção e alegria e ficávamos muito ansiosos pelo final da história.
      Quantas vezes durante as narrativas de papai eu fixava o olhar no pequeno fogo da lamparina e ficava viajando nos castelos medievais das incríveis histórias entre os grilos e sapos que coachavam do lado de fora do sítio.
      O tempo foi passando e as lamparinas foram sendo apagadas, mas continuam acesas até hoje nos nossos corações, assim com as belas histórias ouvidas de papai.