9 de mar. de 2013

VÓ MARIA - A PARTEIRA



      Uns dos momentos mais sublimes na vida do ser humano é quando ele nasce. Seria maravilhoso se pudéssemos lembrar-nos de todos os detalhes do nosso nascimento.

      Apenas ouvimos alguns comentários do dia do nosso nascimento, detalhes narrados com muita emoção, mas sempre muito superficial perante tão nobre dia.

      Não me lembro dos olhos lacrimejados de papai, do sorriso angelical de mamãe e aquele abraço cheio de carinho da minha avó, da minha tia.

      Entre as primeiras palmadas nas nádegas, o primeiro choro e o primeiro abrir de olhos ao lado de tantas emoções esparramadas naquele quarto estava a minha querida avó Maria que era parteira e foi ela que me colocou no Mundo.

      Uma época em que existia parteiras e sempre que alguma gestante iria dar “a luz” a mesma era convocada e apressadamente vestia-se, colocava um patuá no pescoço e saia embaixo de chuva para dar vida a mais uma criancinha.

      Naquela época uma parteira era muito valorizada e sem nenhuma aula em grandes Universidades prestava os seus serviços com muita competência e praticidade para toda a comunidade sem nenhuma remuneração, o que existia era muito carinho, muito amor, solidariedade e bastante fé.

      Assim que chegava à casa da futura mamãe pedia que colocassem uma chaleira com água no fogão à lenha e ficava ao lado da mamãe esperando o momento certo ao lado de evolutivas contrações.

      O momento era de muita apreensão e ansiedade, mas todos confiavam no maravilhoso trabalho da querida avó Maria que já tinha feito vários partos no sertão, quando não existia energia elétrica e muito menos algum hospital ou médico de plantão.

      O parto já tinha começado e após alguns minutos o bebe já tinha nascido entre alguns soluços e abraços emocionados sob a fraca luz de uma lamparina.

      Vó Maria entregava carinhosamente o bebe a mamãe e saia vagarosamente do quarto entre abraços de todos e alguns beijos e ia sentar-se num banquinho de madeira que ficava do lado de fora da casa. Acendia seu cachimbo e ficava sorrindo entre uma cachimbada e outra e sentia-se muito feliz em ter dado vida a mais um anjinho.