30 de dez. de 2012

CAROL



        Existem pessoas que passam por nossa vida e deixam recordações inefáveis e entre várias pessoas que passaram por minha vida existiu e ainda existe  uma sobrinha chamada Caroline que carinhosamente chamávamos de Carol e minha admiração por Carol era porque na época em morávamos na casa da Ester em Guarulhos – São Paulo eu adorava ler e apresentei a biblioteca do Seródio para minhas sobrinhas Carol, Camila e Kaique e os livros eram retirados e lidos em voz alta por todos nós.
      Existiu uma época que fazíamos grandes saraus literários recitando Cecília Meireles, Carlos Drummond de Andrade, Pablo Neruda, Clarice Lispector entre vários poetas e poetisas sob a grande fumaça de um improvisado churrasco que armávamos na porta do meu “barraco” nos finais de semana.
      As leituras eram interrompidas para abocanharmos um bom pedaço de carne ou uma ida ao bar do Zé para eu bebericar uma boa “cachaça” e sempre as meninas pediam para pagar um chocolate ou algum doce qualquer.
      Foram vários momentos que a felicidade estava presente naquela época e lembro-me que quando eu trabalhava no IBGE eu tinha que fazer uma pesquisa num bairro muito distante do centro de Guarulhos, chamado Vila Any e pedi permissão para tia Terezinha para levar a Carol e lá fomos nós pesquisar apenas uma casa no distante bairro.
      Andamos até o centro de Guarulhos e paramos num quiosque perto da igreja da Matriz e ela pediu um coco e eu uma cerveja bem gelada e assim embarcamos numa lotação que nos levaria até o bairro e assim que entramos na lotação o coco da Carol caiu no assoalho da perua e rolou até a frente do carro e a Carol não parava de rir e eu pedindo pra ela ficar quietinha e nada.
      Pesquisamos a casa e na volta paramos numa padaria para lancharmos e a Carol não parava de rir pelo coco que tinha caído na lotação.
      O tempo foi passando e após alguns anos mudei do bairro do Seródio para Vila Maria Alta e às vezes aparecia na casa da minha tia Terezinha onde encontrava as minhas queridas sobrinhas Carol, Camila e Kaique e eu ensinei os mesmos a jogar “TRUCO” e as partidas de baralho eram divertidíssimas, pois o barulho era enorme: Truco! Seis só ladrões! E o jogo continuava até quando nossa voz começava a sumir e as primeiras horas da manhã apareciam.
      Era hora de guardar o baralho e despedir com um: Boa noite tio dorme com Deus!
      Muito obrigado Carol por fazer parte da minha vida e termos momentos tão maravilhosos como aqueles que vivemos e que não voltam mais. Meus agradecimentos à querida sobrinha Camila aos sobrinhos Kaique e Fernandinho que tanto me roubaram no jogo de truco. Truco! rsrsrsrs

A CHÁCARA



       Assim que cheguei do serviço minha mãe anunciou que tínhamos novos vizinhos e gostaria imensamente que eu fosse até a casa do nosso vizinho desejar boas vindas, pois se tratava de uma família que tinha vindo do Paraná e eram pessoas muitos simples e humildes.
      Inicialmente achei um pouco estranho o comentário de mamãe, mas tratando-se de mãe e acreditando que mãe jamais erra lá fui eu bater palmas na casa dos novos vizinhos e conhecê-los e averiguar os bons comentários de mamãe.
      Os novos vizinhos moravam numa casa no fundo do quintal de um Português e logo apareceu um rapaz chamado Natal e perguntou-me:
- Olá tudo bem, o que deseja? E eu meio envergonhado disse:
- Olha, meu nome é Luiz Carlos, filho da dona Thereza e vim aqui para conhecê-los!
Imediatamente o novo amigo pediu gentilmente para eu entrar e não reparar na bagunça, pois ainda estavam arrumando os poucos móveis e lá fui eu apresentando-me para todos e desejando boas vindas. Senhor Sebastião, Dona Carmem e os filhos: Antelmo, Zelão, Natal e João foram apresentados e eu comecei a perguntar de onde vieram o que desejavam na cidade grande e se aceitavam minha amizade.
      Sentei-me num banco de madeira e fiquei admirando a simplicidade de todos enquanto dona Carmem preparava um café para celebrarmos aquele encontro e entre vários sorrisos e eu sempre falando dos meus sonhos, das minhas namoradinhas, do meu trabalho e assim ficamos amigos e constantemente fazia algumas visitas e com o passar dos anos nossos laços de amizade foram fortalecendo até o momento que anunciaram que iriam mudar para uma chácara de um espanhol e deixaram o endereço e disseram que ficariam muito felizes com minha visita à chácara.
      Quase todos os finais de semana eu ia para a chácara, pois além de cuidar da chácara ainda cuidavam da criação de vários coelhos que eram criados para serem vendidos para restaurantes de luxo.
      A alegria era imensa quando eu aos sábados de manhã aparecia para passar o final de semana com os meus amigos e eu sempre prontificava a ajudar nos afazeres da chácara.
     
      No fundo da chácara existia uma enorme mesa de cimento com vários bancos ao redor e ali passávamos várias horas jogando xadrez e às vezes assando algum coelho que eram degustados com vários refrigerantes e pedaços de pão.
      Foram incontáveis finais de semana que passei na companhia desta querida família e a felicidade e alegria sempre estavam presentes ao lado de pessoas tão amáveis. Foi um pedaço da minha juventude que jamais irei esquecer quando ia para a chácara sonhar e ser feliz muito feliz.