Nas
maravilhosas tardes de domingo na casa da minha tia Nina acontecia um torneio
maravilhoso de tênis de mesa (ping-pong) o qual todos nós jovens, ávidos em
arranjar uma namoradinha, estávamos sempre dispostos a ser o melhor jogador
para conquistar os aplausos das lindas meninas que por lá apareciam para
apreciar nossas “maravilhosas” jogadas. Entre uma raquerada na bolinha e um
olhar flertivo para as meninas sobrava tempo para saborear algum refresco e
algum lanche.
O grande “barato” era permanecer o maior espaço de tempo na mesa e ser
aplaudido por todos. Não posso esconder que tinha algumas paqueras e estas
meninas torciam muito pelas minhas pífias jogadas, realmente não era bom,
apenas um pouquinho acima da linha da mediocridade. Bom mesmo era meu tio João
e o Edson, meu primo, que não davam mole e faziam a gente suar em bicas para
segurar grandes saques e lindos cortes.
O clima era sensacional, repleto de alegria e muita gente bonita e jovem
e o torneio preenchia nossas tardes de
domingo repletas de novidades da semana.
Alguns domingos ensolarados garantiam nosso bronzeado e até passávamos
protetor solar e usávamos algum chapéu para nos proteger do terrível calor.
Mas...jamais reclamávamos, afinal era tudo festa e muita paquera. Quanto estava
fora do jogo, o que era quase que constante, pedia gentilmente para alguma
paquera acompanhar-me até meu quarto para mostrar algum livro e acabava
“tascando” um delicioso beijo e imediatamente voltava para participar do jogo
de ping-pong como se nada tivesse acontecido meio soado e o coração disparado, com medo de ser descoberto e cair na boca dos
participantes. A sorte sempre andou ao
meu lado, foram poucos beijos e muitas
páginas viradas da minha humilde biblioteca.
Algumas meninas pediam para namorar comigo e eu sempre dizia que
precisava estudar, estudar e estudar e algumas até questionavam minha
masculinidade, perguntando para minha tia Nina e para minhas primas Edna e
Dulcinéia se eu era “bicha”, pederasta, etc. Jamais deixei abalar pelos comentários das
paqueras e procurava seguir minha vida de estudante apenas dando alguns beijos
nas paqueras, mas jamais querendo um compromisso sério, namorar.
O tempo passou e sinto muitas
saudades daquelas tardes maravilhosas de domingos inesquecíveis ao lado de pessoas que tanto
amava. Obrigado tia Nina por nos proporcionar aqueles lindos e inefáveis dias!