Desci apressadamente as
escadas do metrô Sé para embarcar para a Zona Leste da cidade de São Paulo e
naquela época às dezoito horas a estação sempre estava lotada de pessoas
querendo retornar para casa depois de um árduo dia de trabalho.
Olhei as enormes filas para comprar o bilhete e optei por
uma que parecia um pouco menor que as outras e lá eu fiquei aguardando
pacientemente minha vez enquanto terminava de ler um livro entre um olho na
página e outro na frenética movimentação de passageiros e barulho das
locomotivas chegando e partindo da estação.
A fila movia-se lentamente e quando chegou minha vez de
comprar o bilhete, cheguei bem perto do arrecadador e disse:
- Uma passagem única! E
foi quando ouvi o arrecadador dizer:
- Luiz! Quanto tempo!
Espera um minutinho que irei sair para dar um abraço em você.
O rapaz saiu do guichê
de arrecadação e simplesmente abandonou a fila e veio todo sorridente dizendo:
- Caramba amigão, que
saudades! Por onde você anda, lembra-se de mim?
Fiz uma cara de interrogação
e respondi nervosamente:
- Não, não lembro de
você não, o que quer comigo? De onde nos conhecemos? O rapaz barbudinho sorriu
e disse:
- Fomos amigos de
classe em 1.971 no Ginásio Estadual Cidade de Hiroshima em Itaquera, lembra-se?
Passei a mão na cabeça
e novamente disse:
- Desculpa “amigo” mas
não estou lembrando da sua nobre pessoa, que tal entrar para o guichê e vender
o bilhete, caso contrário irei a outro guichê.
O rapaz sorriu
novamente e disse:
- Meu nome é Marcelo
que namorava a Berenice na quarta série do curso ginasial e após alguns meses
de namoro com a Berenice você começou a namorá-la deixando eu muito triste,
lembra-se agora?
Afastei-me um pouco do
Marcelo e meio sem graça disse:
- Claro que lembro, mas
tudo já passou e agora nem mais sabemos por anda a Berenice e apertei a mão do
antigo aluno da escola.
O rapaz sorriu e disse:
A Berenice está em casa, pois ela é minha esposa!
Novamente fiquei muito
surpreso e enquanto o Marcelo entrava para o guichê para vender-me o bilhete
ainda sobrou tempo de escutarmos dos passageiros apressados: Encontros de
velhos amigos!
- Aparece lá em casa
para fazermos um churrasco, aqui está o meu cartão! Disse o velho amigo. Enfiei
o cartão no bolso traseiro da minha calça e desci rapidamente a escada rolante
pensando no reencontro depois de trinta anos.