20 de jul. de 2014

O REENCONTRO

           

           Desci apressadamente as escadas do metrô Sé para embarcar para a Zona Leste da cidade de São Paulo e naquela época às dezoito horas a estação sempre estava lotada de pessoas querendo retornar para casa depois de um árduo dia de trabalho.
         Olhei as enormes filas para comprar o bilhete e optei por uma que parecia um pouco menor que as outras e lá eu fiquei aguardando pacientemente minha vez enquanto terminava de ler um livro entre um olho na página e outro na frenética movimentação de passageiros e barulho das locomotivas chegando e partindo da estação.
         A fila movia-se lentamente e quando chegou minha vez de comprar o bilhete, cheguei bem perto do arrecadador e disse:
- Uma passagem única! E foi quando ouvi o arrecadador dizer:
- Luiz! Quanto tempo! Espera um minutinho que irei sair para dar um abraço em você.
O rapaz saiu do guichê de arrecadação e simplesmente abandonou a fila e veio todo sorridente dizendo:
- Caramba amigão, que saudades! Por onde você anda, lembra-se de mim?
Fiz uma cara de interrogação e respondi nervosamente:
- Não, não lembro de você não, o que quer comigo? De onde nos conhecemos? O rapaz barbudinho sorriu e disse:
- Fomos amigos de classe em 1.971 no Ginásio Estadual Cidade de Hiroshima em Itaquera, lembra-se?
Passei a mão na cabeça e novamente disse:
- Desculpa “amigo” mas não estou lembrando da sua nobre pessoa, que tal entrar para o guichê e vender o bilhete, caso contrário irei a outro guichê.
O rapaz sorriu novamente e disse:
- Meu nome é Marcelo que namorava a Berenice na quarta série do curso ginasial e após alguns meses de namoro com a Berenice você começou a namorá-la deixando eu muito triste, lembra-se agora?
Afastei-me um pouco do Marcelo e meio sem graça disse:
- Claro que lembro, mas tudo já passou e agora nem mais sabemos por anda a Berenice e apertei a mão do antigo aluno da escola.
O rapaz sorriu e disse: A Berenice está em casa, pois ela é minha esposa!
Novamente fiquei muito surpreso e enquanto o Marcelo entrava para o guichê para vender-me o bilhete ainda sobrou tempo de escutarmos dos passageiros apressados: Encontros de velhos amigos!

- Aparece lá em casa para fazermos um churrasco, aqui está o meu cartão! Disse o velho amigo. Enfiei o cartão no bolso traseiro da minha calça e desci rapidamente a escada rolante pensando no reencontro depois de trinta anos.