23 de abr. de 2014

MISSA NA ROÇA

A missa acontecia no último domingo de cada mês na pequena igreja do bairro do Ripiado em Salesópolis, estado de São Paulo.
         A simplicidade das poucas casas de pau a pique ao redor da igreja era herança dos tropeiros que cortavam estreitos caminhos carregando vários tipos de mercadorias em lombos de mulas para serem negociadas no litoral paulista.
         Neste dia todo o povoado aguardava ansiosamente a chegada do padre que vinha a cavalo abrindo e fechando porteiras e quando o mesmo chegava na vila todos reverenciavam desejando boas-vindas com muita alegria.
         Aos poucos os cavalos iam sendo amarrados ao redor do grande casarão e após a missa era servido café com vários biscoitos preparados por senhoras moradoras na roça.
         A igrejinha ficava no alto de um morro e as pessoas iam chegando lentamente e cumprimentando-se e passados alguns minutos a missa começava com o padre agradecendo a presença de todos e abrindo a bíblia pedia silêncio e ficava a orar caladamente.
         Algumas moças olhavam para o lado e para trás para poder avistar algum moço de outras vilas e serem notadas para uma posterior paquera após a missa.
         A presença de um moço morador da capital paulista chamava atenção da jovem Thereza Miranda da Silva que neste domingo tinha levado o irmão Evaristo Miranda para poder assistir à missa e assim que o moço José da Silva entrou na igreja e sentou-se ao lado daquela jovem e lá ficaram entreolhando-se entre uma oração e outra o pequeno Evaristo queria sair do banco para observar o padre mais de perto.
         Terminada a missa a jovem deixou o garoto Evaristo em frente a um altar com algumas velas na mão e disse que esperasse um pouco que iria conversar com o jovem José da Silva e assim saiu para uma conversa e possíveis paqueras entre os mesmos.
         Passados alguns minutos a jovem Thereza voltou para dentro da igrejinha para pegar o garoto Evaristo para irem beber o café com biscoitos que já estavam sendo servidos no casarão e ficou muito surpresa quando perguntou sobre as velas e soube que o garoto tinha comido todas as velas. A jovem ficou um pouco zangada com o irmão e pediu para o mesmo limpar a boca e lá seguiram para o delicioso café com biscoitos que estavam sendo servidos entre animadas conversas entre os moradores da roça.
         O padre após servir-se de alguns copos de café e comer alguns biscoitos acenava pedindo muita paz para todos e ainda teve tempo de ouvir a história das velas comidas pelo pequeno garoto.

         Aos poucos todos iam desamarrando os cavalos e cumprimentavam-se pois era chegada a hora de retornar para suas casas e aguardar a próxima missa e assim a jovem Thereza seguia para casa segurando a mão do garoto comedor de velas e assim que chegaram em casa os seus pais perguntaram se tinha tudo corrido bem e ela dizia que tudo estava ótimo e ouviu a garoto dizer: Os biscoitos estavam ótimos, mas gostei mesmo foi das velas! Entre sorrisos ia deitar-se apaixonadamente pensando na próxima missa na roça e reencontrar o querido namorado José da Silva.