9 de mai. de 2012

PESCARIA

 
          E assim que nosso querido tio Agostinho encostava o possante caminhão na frente da casa da minha tia, no interior, todos nós saíamos curiosos para recepcionar a ilustre visita e nossos sorrisos de Felicidade iluminavam todo o ambiente.
         Ainda garotos e ávidos em novidades sobre as viagens do querido tio Agostinho, entre abraços e beijos e muita alegria sempre ouvia uma pergunta que era feita pelo meu primo ao tio Agostinho:
- E então tio, posso “tirar” as minhocas?
         Tio Agostinho sorria e balançava a cabeça afirmativamente e nossa felicidade estava completa, pois sabíamos que passaríamos umas das tardes mais maravilhosas da nossa juventude, sempre recheada de lindas e incomparáveis histórias sobre a estrada, sobre viagens, sobre nosso sonho de consumo: Viajar.
         Enxadão nas costas e lá íamos até o quintal cavoucar a terra para desenterrar o “alimento” dos pobres peixinhos e preparar os poucos e sublimes momentos ao lado do querido tio Agostinho.     
         Com a tralha de pesca totalmente preparada, as minhocas numa latinha e alguns sanduiches de mortadela seguíamos em direção ao rio Paraíba para nossa pescaria.
         Ao chegar à beira do rio, escolhíamos um lugar bem aconchegante e lançávamos os anzóis ao rio e imediatamente começávamos a fazer “mil” perguntas sobre as viagens do nosso querido tio, por onde ele tinha andado, quais eram as novidades e as conversas não paravam.
         A quantidade de palavras e prosas era sempre entrecortada por sorrisos e expressões de alegria e às vezes alguns pescadores olhavam meio atravessado para nós, pois não conseguiam pescar devido as nossas conversas e sorrisos e os peixes resolviam afastar-se de nós. Nossa felicidade abria caminho e éramos entendidos por velhos e experientes pescadores que sentiam o sublime momento.
         Após vários minutos sentados, conversando, sorrindo e alguns pequenos peixes pescados era hora de voltar para casa, pois já começava a anoitecer.
         Juntávamos toda a tralha e retornávamos com a alma leve e um sentimento que jamais esqueceremos: De muita Felicidade nas inesquecíveis tardes de pescaria ao lado do nosso querido tio Agostinho.