Só quem já esteve no CEAGESP pode ajudar-me a definir a imensidão que é aquele local, pois na minha modesta opinião acho que o CEAGESP é a “Cara” de São Paulo, primeiro pelo tamanho, realmente é enorme, segundo pela quantidade de pessoas que circulam por lá comercializando seus produtos e por último pela beleza que é a Feira das Flores que acontecia e deve acontecer até hoje: as Terças e sextas-feiras.
Como tinha a liberdade de ir para qualquer lugar comercializar meus cartões de visita, achei que a Feira das Flores seria um ótimo lugar para vender os cartões, pois a mesma acontecia das 3 da madrugada até as 10 horas da manhã e a concorrência de vendedores de cartões seria bem menor.
Após comunicar ao dono da gráfica onde eu ia vender meus cartões ele ficou um pouco céptico, esboçou um sorriso de dúvida quanto à aceitabilidade e consentiu a autorização e lá fui eu pra casa dormir mais cedo, pois outro dia teria que acordar às 4 horas da manhã para colocar o pé na estrada, pegar um ônibus e em seguida um trem que me conduziria até o Paraíso das Flores chamado: A Feira das Flores do CEAGESP.
Logo quando cheguei à estação CEAGESP, lá do alto vi milhares de caminhões estacionados no imenso pátio entre inúmeras pessoas circulando entre vários boxes. Admito que fiquei um pouco assustado com o dinamismo e o agradabilíssimo cheiro das Flores que exalavam das milhares de flores existentes no local.
Desci as escadas e entrei por um portão lateral e fui oferecendo e vendendo meus cartões de visita para todos os comerciantes de flores. Após negociar meus cartões de visita tinha um hábito maravilhoso que era de ir até uma lanchonete na entrada principal, pedir uma cerveja e ficar contabilizando os meus pedidos e depois ir embora para passar o serviço para a gráfica.
No primeiro dia fiquei muito surpreso, pois estava concentrado passando meus pedidos de cartão a limpo e em questão de alguns minutos ouvi vários caminhões entrando e saindo e a feira das flores sendo desmontada e dando lugar para as batatas, milhos, pimentas, hortaliças. Mas a rapidez é impressionante e achava que o CEAGESP tinha realmente a “Cara” de São Paulo, pela agilidade, a quantidade e variedade de produtos, milhares de pessoas circulando entre caminhões, boxes. Tudo aquilo deixava eu apaixonado pelo local e tinha planos de ficar muito tempo por lá. E após conseguir uma boa cartela de clientes para o dono da gráfica comecei a passar nos restantes dos outros boxes para oferecer meus cartões.
Conheci pessoas maravilhosas no CEAGESP e entre as pessoas tive o imenso prazer em conhecer um Japonês chamado Akira que cultivava e vendia todos os tipos de pimentas que um ser humano pode imaginar e acabei ficando freguês e todas as sextas-feiras comprava vários vidros de deliciosas pimentas para comer com meu prato predileto durante a semana.
Há um enorme relógio no portão principal que é uma referência para todos que por lá circulam e sempre quando estava perdido no meio de tantos boxes, orientava-me por aquele relógio.
Acredito que devo ter passado uns quatro meses dentro do CEAGESP e fiz uma excelente Carteira de clientes para a gráfica e em seguida fui vender os meus cartões de visita em outro lugar.
Deixei de vender os cartões e fui trabalhar com minha irmã que estava montando uma Revista e tive a Felicidade de voltar novamente ao CEAGESP, a Feira das Flores com meu irmão Robson.
O encanto foi o mesmo, o entusiasmo e o amor pelos locais já conhecidos eram passados para meu querido irmão que também ficou muito emocionado com a Feira das Flores.
Os espaços publicitários eram oferecidos e a aceitabilidade não estava sendo muito boa porque estávamos vendendo apenas “O Boneco” da revista, estávamos tentando conseguir os primeiros clientes para patrocinar a revista. “Não” seguidos de “não” ouvíamos constantemente e até que num determinado dia meu irmão ficou um pouco aborrecido pela recusa dos espaços publicitários e resolveu comprar uma planta para enfeitar sua casa e lá ficamos procurando a tal da planta por vários minutos até que ele conseguiu comprar uma linda planta que apelidamos carinhosamente de “TOCO”, colocamos dentro do carro e fomos comemorar a compra do Toco. Ridículo ir até o CEAGESP vender espaço publicitário e acabar comprando um toco! Mas tudo era festa e acabamos comemorando a compra do tal Toco numa lanchonete conhecida, com várias cervejas e porções degustadas sobre vários sorrisos de Felicidade em ter comprado o Tal do Toco e ter conhecido o lugar mais encantador do mundo: A Feira das Flores do CEAGESP. Bela recordação!