22 de fev. de 2012

CHOPES NO RIO DE JANEIRO

Em 1.990 trabalhava numa indústria de informática em São Paulo, desempenhado o cargo de Técnico em Controle de Qualidade e constantemente viajava para vários lugares do Estado de São Paulo e às vezes para o Rio de Janeiro.
          Morava na casa da minha mãe na Vila Maria Alta, bairro da zona norte da cidade de São Paulo e tinha alguns hábitos maravilhosos  que era ler jornais todos os dias, beber chopes no bar do Sr.Vicente, na Rua 24 de Maio, no centro de São Paulo.
          Num determinado sábado, levantei-me bem cedo e fui comprar o jornal da Tarde, o jornal que eu lia diariamente e alguns pães na padaria perto do escadão e vim dando uma “espiada”no jornal enquanto retornava para a casa da minha mãe. Chegando em casa, depositei os pães sobre a mesa e sentei-me numa pequena poltrona e comecei a folhear o jornal despreocupadamente, até que uma página chamou-me atenção: A foto de uma chopperia na Avenida  Nossa Senhora de Copacabana, no Rio de Janeiro. A matéria era excelente, feito por um jornalista que devia “amar” beber chop, dava detalhes do armazenamento do chop, data da fundação da choperia, quantidade de pessoas que a casa suportava, fotos da choperia entre outros detalhes que todo amante da degustação de chop espera.
            Fiquei lendo a matéria e a boca foi enchendo de água, melhor se fosse de chop e assim ao terminar de ler a maravilhosa reportagem decidi que iria experimentar aquele divino chop naquele dia.
            Consultei meu saldo bancário e vi que era suficiente para ir até o Rio, beber vários chopes e voltar naquele mesmo dia. Esperei mamãe acordar e disse a ela que iria até o Rio, ela sorriu e disse-me que talvez fosse mais econômico e rápido beber alguns por aqui mesmo, ou seja em São Paulo.
           Estava decidido a comprovar a veracidade da reportagem e da credibilidade do Jornal, além da minha voraz sede, pois era um amante contumaz de chopes e adorava viajar de avião.
            Liguei para um taxi e embarquei com destino ao Aeroporto de Congonhas pegar uma Ponte aérea com destino ao Rio de Janeiro para degustar o melhor chop do Rio de Janeiro, segundo a reportagem.
            Vôo rápido, desci no Aeroporto Santos Dumont e mostrei a reportagem para um motorista de taxi dizendo que precisava chegar o mais rápido aquela choperia e ele brincando disse: Pelo visto você deve gostar muito de chop, para vir de São Paulo até o Rio somente para beber alguns chopes! Sorri prazerosamente e em alguns minutos estávamos na frente da choperia. Paguei o motorista de taxi e entrei como um rei na choperia.
          Sentei-me numa confortavelmente numa cadeira e imediatamente fui atendido por um atencioso garçom que me mostrou um cardápio variado. Estendi o jornal e disse que vinha de São Paulo por causa da reportagem e estava decidido a beber vários chopes, ele sorriu e disse que eu estava na casa certa e realmente era o melhor chop do Rio de Janeiro.
          Após várias canecas ingeridas, pedi uma porção de camarão e assim fiquei eterno minutos certificando da veracidade da reportagem, até que deu “meio segundo”, levantei-me apressadamente como todo bom Paulistano, paguei a conta, agradeci a todos e fiz o percurso de volta a São Paulo.
          Cheguei com a alma lavada, o gostinho de chop na boca, o ronco do avião na cabeça e Feliz muito Feliz em poder degustar um delicioso chop na cidade Maravilhosa.
          Dinheiro foi feito pra isto, momentos de prazeres, não interessando a distância e sim a vontade do momento. Agora? Sou pobre e tomo algumas cervejas nos botecos da vida.rsrsrsrs

GALINHAS

      Hoje é muito fácil comprar galinhas e mais fácil ainda prepará-las, é só chegar ao Supermercado apontar as “penosas”, pesar e pronto. Algumas galinhas já vêm cortadas e temperadas o que facilita enormemente a vida de qualquer dona de casa.
                    Existiu uma época, isto lá pelos anos 60 que tal facilidade não existia, então a maioria das famílias, principalmente aquelas de origem do interior, compravam as galinhas vivas para serem abatidas em casa.
                   Eu com meus sete anos de idade ficava horrorizado com tal atrocidade diante das queridas penosas indo para um enorme tacho com água escaldante para serem depenadas e decepadas diante de tanta crueldade e ficava imaginando: “Como pôde! mamãe é tão boazinha conosco e faz isto com as pobres galinhas” Mas quando as mesmas chegavam ao meu prato, abandonava toda a minha piedade e compreendia perfeitamente o tal sacrifício.
                    Minha mamãe Thereza e meu papai José sempre compravam as galinhas vivas para serem preparadas nos finais de semana e meu sofrimento antecipado começava quando papai pedia para mamãe comprar as galinhas numa granja perto da nossa residência.
                    No dia 23 de dezembro de 1.962, papai pediu para mamãe ir até a granja e comprar três galinhas bem gordas. Mamãe resolveu levar-me até a granja e saímos de casa sob uma tênue garoa característica da época e chegamos à granja onde mamãe escolheu cautelosamente três enormes galinhas e pediu para pesar. Era muito engraçado ver as galinhas querendo fugir do prato, esperneando e gritando e eu torcendo para as mesmas voarem e saírem da granja, mas sempre acabavam sendo dominadas pelas mãos hábeis do granjeiro que pesava, amarrava uma cordinha nos pés das mesmas e dava para mamãe.
                    Tinha um plano maravilhoso para dar liberdade para as queridas galinhas e pedi quase que suplicando se podia levar as mesmas puxando pela cordinha e mamãe foi lacônica diante de um sonoro não. Insisti e ela concordou em me deixar levar apenas uma galinha o que já amenizou meu coração. Iria soltar a cordinha na primeira esquina e deixar a mesma fugir.
                    Era muito engraçado, eu puxando a cordinha, a galinha não obedecendo meus comandos e mamãe sorrindo e pedindo que eu fosse atrás da galinha e espantasse, mas não poderia soltar a cordinha, senão a mesma iria para a rua. Tentei, tentei e a galinha empacou, aí espantei a galinha e soltei a cordinha e a mesma foi para o meio da rua onde um carro atropelou e matou a galinha.
                  Fiquei muito espantado com o fim trágico dos meus planos e comecei a chorar e mamãe calmamente passou a mão na minha cabeça, sorriu e seguimos para casa e eu entre muitos soluços encoberto de tanta culpa pela morte da galinha.
                  Chegamos em casa e mamãe soltou as duas galinhas num cercadinho num pequeno quintal de terra onde não existia muro e ficava no alto, pois morávamos num sobrado que fazia divisa com uma enorme casa em construção.
                  As galinhas até pareciam felizes, pois ciscavam pra cá e pra lá, e eu observando atentamente e fazendo planos mirabolantes para libertar aquelas duas infelizes “penosas” que em breve iriam para o tacho fervente.
                  A idéia era a seguinte: iria pedir pra mamãe para dar milho pras galinhas e iria espantá-las, assim evitaria o sofrimento cruel das galinhas. Cheguei com um ar de súplica para mamãe e pedi se podia dar alguns milhos para as galinhas e a resposta foi um prudente “Não”, insisti choramingando e ela disse:
- Não Luiz! Está chovendo e você pode cair! Insisti, quase que ajoelhando aos pés de mamãe.
- Mas mamãe....deixa-me dar apenas alguns “milhinhos” eu tomo muito cuidado!
- Não e pronto! Falou mamãe um tanto contrariada.
                   Fiquei alguns minutos com um punhado de grãos de milho na mão e resolvi contrariar mamãe e entrei sorrateiramente no cercadinho para “alimentar” (soltar) as galinhas. Repentinamente escorreguei na terra molhada e fui parar lá embaixo sobre um monte de areia. Fiquei alguns minutos gemendo e gritando por socorro. Quando mamãe ouviu-me, desceu as escadas correndo e chegou assustadíssima. Subi as escadas gemendo de dor, com várias escoriações e um braço quebrado. Seguimos para o hospital onde radiografaram meu braço, fizeram vários curativos e enquanto os enfermeiros engessavam o meu braço imitavam uma galinha, sempre sorrindo.
                    Mãe tem sempre razão, portando jamais contrarie sua mamãe, nem que for por apenas algumas galinhas! (rsrsrsrsrsrs)