17 de out. de 2011

FELIZ ANO NOVO!


         No último dia do ano a Felicidade chegava às primeiras horas da manhã em nossa casa.
         Abria os olhos e admirava os primeiros raios de Sol entrando pelas frestas da velha janela, iluminando nossas esperanças e espalhando alegria por toda a casa.
         O delicioso aroma de café espalhado no ar invadia nosso olfato e impulsionava-me a levantar da cama para degustá-lo com deliciosas rabanadas preparadas com muito esmero por mamãe.
         Ao sentar-me a mesa para tomar o café notava que todos estavam muito feliz e bastante falante, sempre tentando descobrir quem era o Amigo Secreto.
          Entre sorrisos marotos e olhares desconfiados, às vezes conseguíamos descobrir quem era nosso Amigo Secreto, depois de várias perguntas e algumas tentativas de engodos.
          Uma lona amarela era esticada no quintal para cobrir a enorme mesa de madeira que receberia as guloseimas preparadas por mamãe e nas primeiras horas do Ano Novo transformar-se-ia num grande cassino familiar.
          Os primeiros fogos de artifício eram ouvidos ao longe, a tarde chegava trazendo amáveis visitas que se acomodavam num sofá e começavam a contar várias piadas que se misturavam com risos altos e o barulho de batedeira da cozinha preparando um bolo.
           Um banho mais demorado, uma roupa branca e estávamos preparados para receber o Ano Novo. A corrida de São Silvestre acontecia às 23 horas e era acompanhada com muito entusiasmo por todos.
           Faltando alguns minutos para meia-noite, mamãe posicionava num ponto estratégico ao redor mesa, convocava todos nós e iniciava uma prece chamada “Cáritas”, rezávamos o Pai-Nosso agradecendo a nossa existência e pedindo proteção para o novo Ano.
           O silêncio entre nós só era “quebrado” por vários estampidos de fogos que aumentavam, prenunciando a chegada do Ano Novo.
           Um champanhe era aberto: palmas, abraços e beijos  eram distribuídos e não era raro ver alguém chorar de tanta emoção.
            Os presentes de Amigo Secreto eram distribuídos sob uma grande e organizada algazarra e às vezes gravávamos em fita cassete toda a nossa felicidade para ouvirmos posteriormente.
           Estávamos num novo dia, num Novo Ano, a música da radiola era aumentada, as cartas de baralho eram colocadas sobre a mesa, o barulho dos fogos era ensurdecedor. Feliz Ano Novo!
           Papai e mamãe conseguiam reunir toda nossa família para saudar o Ano Novo. Feliz, muito Feliz aqueles tempos! Feliz Ano Novo!