15 de abr. de 2012

O BEIJO

         E lá estava eu, encostado na varanda e apreciando a deliciosa chuva que caía torrencialmente e aguçando minha mente para uma passagem na minha vida que passo a descrever:
         Eu estava estudando a oitava série do curso ginasial no Ginásio Estadual Cidade de Hiroshima, em Itaquera, zona Leste da cidade de São Paulo.
         Todo ser humano além da sua capacidade tem que ter um pouquinho de sorte, e disto jamais posso reclamar, pois acho que tive e ainda tenho muita sorte nesta vida.
         No ginásio onde eu estudava tinha uma menina que além de muito bela, era inteligente, coordenadora de classe e para minha sorte, estudava na minha sala.
         Adorava quando ela reunia toda a classe para pedir mais empenho, menos bagunça e seus olhos verdes ficavam mais lindos quando ela ficava séria, nervosa e seus lábios carnudos tremiam e eu viajava naquelas palavras que pareciam um bálsamo aos meus ouvidos.
         Eu simplesmente adorava minha querida coordenadora de classe chamada Cleuza, pois além de muito bonita, era inteligente, trajava-se com uma calça jeans, uma camiseta branca e uma sapatilha vermelha.
         Eu tinha certeza que jamais poderia um dia beijar os lábios carnudos da minha querida coordenadora de classe, pois existiam vários garotos muito bonitos que faziam visitinhas frequentes a nossa classe para apreciar o que existia de mais belo naquela escola e confesso que ficava muito nervoso com a presença daqueles garotos e foram várias vezes que eu fechei a porta na cara dos meninos. Ciúmes daquilo que não pertencia a minha pessoa.
         Lá pelo final do ano, tínhamos uma prova muito difícil e quando soube que minha querida colega de classe precisava de uma nota alta para passar, fiz uma proposta para a lindinha:
         Faço a minha prova e a sua, mas como recompensa quero apenas um beijo destes seus lábios carnudos. Ela sorriu, mostrando os dentes de marfim e aceitou a proposta.
         Eu não cabia de felicidade e imediatamente fui procurar um colega inteligentíssimo chamado Dulcidio, que estudava química na Osvaldo Cruz. Descrevi que necessitava aprender equação do segundo grau, pois eu teria uma prova e precisava saber muito, pois iria fazer a minha prova e da minha colega.
         Ele sorriu e aceitou o desafio, mas fez outra proposta, pois queria que eu apresentasse uma colega para um futuro namoro. Aceitei e passamos a estudar todos os dias para fazer as provas e ganhar um beijo daquela linda coordenadora de classe.
         Após várias semanas de estudo, eu já estava preparado para fazer as provas e naquela Sexta-feira à noite, quando a professora distribuiu as folhas, sentei-me atrás da querida colega.
         Fiz a prova e passei para ela e imediatamente comecei a fazer a minha e assim que terminei, solicitei a ela que me esperasse no pátio, pois queria minha recompensa. O Beijo!
         A querida colega sorriu e saiu vagarosamente e ficou esperando-me no pátio e lá fomos nos para um muro fora da escola para beijarmos e finalizar o contrato.
         Assim que começamos a beijar, começou a chover muito forte e a linda garota pediu para adiarmos nosso beijo e disse que num outro dia a gente continuaria aquele beijo. O tempo passou e nunca mais encontrei a querida colega Cleuza para finalizarmos aquele significante beijo. Eu fiz a minha parte e ela ficou devendo aquele tão sofrido beijo, mas ajudou-me muito nesta vida, pois equação do segundo grau sei até hoje e quando começo a resolver alguma equação do segundo grau em vários concursos que participo, ainda sinto aqueles macios e deliciosos lábios carnudos da menina mais linda da minha escola.