Sempre adorei preparar massas de pizzas e através de um livrinho do SESI consegui uma receita maravilhosa e estava disposto a colocar em pratica meus ridículos dotes culinários.
Existia um dia para preparar as massas de pizzas e este dia era aos sábados à tarde, pois dispunha de mais tempo e enquanto preparava as massas ia lá tomando minhas geladas cervejinhas.
Olho na receita e começava a preparar as primeiras massas que ficaram horríveis, mas o pessoal de casa comia para não desanimar a minha pessoa.
Passados vários sábados e desesperadas tentativas em acertar o verdadeiro ponto da massa, consegui com muito esforço e vários goles de cervejas acertar a tal da massa.
Num determinado sábado, tinha ido fazer hora extra numa fábrica onde eu trabalhava e já tinha deixado todos os ingredientes preparados para quando eu chegar do serviço era só fazer a massa, rechear as pizzas e colocá-las para assar e servir para toda a minha família.
Cheguei do serviço lá pelas quatro horas da tarde e resolvi fazer as massas das pizzas antes de tomar o meu banho e assim comecei os preparativos, sempre acompanhado pelo meu filho Márcio que prestava atenção em tudo o que eu fazia e às vezes fazia algumas perguntas sobre os ingredientes e pedia pedacinhos de queijo, mussarela, ele ia comendo vagarosamente sentado ao meu lado e eu calmamente jogando farinha de trigo pra cá, jogando farinha de trigo pra lá e enrolando, “socando” a tal da massa até que finalmente a massa ficou pronta. Imediatamente coloquei a massa sobre a pia de mármore e comecei a esticar a massa e colocá-las em formas para em seguida rechear as mesmas.
As pizzas foram colocadas nas formas e coloquei todos os recheios e deixei-as no forno apagado enquanto fui tomar um banho para posteriormente poder levá-las ao forno e assá-las.
Terminei de tomar banho, vesti uma bermuda e voltei para cozinha para colocar as pizzas para assar. Passados alguns minutos as mesmas já estavam totalmente prontas.
Convidei toda a família para comermos as pizzas e minha esposa foi chamar sua mãe para poder comer alguns pedaços de pizzas conosco.
O cheiro não estava muito agradável, mas pensei que devia ser pelo excesso de queijo e assim que comecei a cortar as mesmas, senti que a faca estava enroscando em alguma coisa estranha. Levantei cautelosamente os ingredientes (o queijo, mussarela, tomate) e vi que existia algo diferente daquilo que eu tinha colocado nos ingredientes e finalmente consegui descobrir o que estava acontecendo com minhas pizzas.
Enquanto eu estava tomando banho, meu filho Márcio, na sua linda idade de quatro anos e que adorava fazer umas “patifarias” colocou as minhas meias suadas entre a massa e os recheios.
Estupefato, fiquei um pouco nervoso e perguntei quem tinha feito aquilo e imediatamente meu filho Márcio disse:
- Fui eu papai, achei que poderia ficar mais gostosa a pizza!
Sorri nervosamente e pedi para minha esposa, minha sogra e meu filho aguardarem mais um pouco que iria preparar mais algumas pizzas, só que desta vez fiz questão de verificar cautelosamente se não existia nenhum par de meias por perto e sempre de olho no meu querido filho Márcio. Oh crianças, sempre aprontando! Belas recordações!
25 de fev. de 2012
SÁBADO - DIA DE FEIJOADA
A maioria dos brasileiros adora feijoada, este prato tipicamente nacional conhecido por nós desde os tempos da escravidão no Brasil. A origem da feijoada é de uma criatividade inigualável: sobrava resto de pedaços de porco que seriam jogados fora os escravos aproveitavam e cozinhavam tudo num grande tacho, levavam a um fogão à lenha e após ficar um bom tempo cozinhando eles comiam prazerosamente.
Nossa família sempre apreciou uma suculenta feijoada e como mamãe adorava cozinhar, constantemente éramos presenteados com este saboroso “prato”.
Ao longo da minha existência participei de várias feijoadas preparadas por mamãe, de todas aconteceu uma que me recordo perfeitamente como se fosse hoje.
Morávamos numa humilde e simples casa numa chácara repleta de milhos, mandiocas, bananeiras e ali minha infância aconteceu repleta de felicidade e carinho dos meus pais. Esta chácara ficava localizada num bairro chamado Ponte Rasa, zona leste da cidade de São Paulo e atrás da nossa “velha casinha” existia um improvisado fogão à lenha construído pelas hábeis mãos de papai e que constantemente eram preparadas suculentas feijoadas aos sábados.
Numa sexta-feira, papai pediu para mamãe comprar os ingredientes para preparar uma feijoada e deixar de molho da sexta-feira para o sábado e assim foi feito.
Logo nas primeiras horas da manhã eu ficava encarregado de acender o fogão a lenha para começar os preparativos para a tal da feijoada e lá vinha mamãe com as panelas, as carnes previamente dessalgadas e os condimentos e iniciava o preparo do prato preferido por todos da família.
Aquele sábado amanheceu nublado, prenunciando que iria chover muito, mas mesmo assim foi dada continuidade nos preparativos da feijoada e logo após o fogão ser aceso por mim, as panelas foram colocadas e fomos brincar no imenso terreno da nossa querida chácara. Esconde-se aqui, corre para baixo das bananeiras, entre os milharais, acompanhávamos os passos de uma enorme pata com seus maravilhosos patinhos nadando num pequeno laguinho e sentíamos o maravilhoso cheiro da deliciosa feijoada que estava sendo preparada por mamãe.
Uma pequena mesa foi cuidadosamente arrumada dentro da nossa cozinha e todos sentamo-nos para iniciar a degustação da feijoada. Exatamente neste momento o céu ficou muito escuro e parecia que o Mundo ia acabar e vários raios começaram a ser despejados do céu e a cada raio e trovão que ouvíamos papai brincava dizendo que o “Pedrão” estava fazendo mudança no céu e mamãe dizia:
- Zé para com isto, pois São Pedro pode castigar você! E papai ria alegremente.
Começamos comer a feijoada e papai optou em sentar em cima de botijão de gás vazio e elegremente comiámos nossa feijoada preparado com muito esmero por mamãe e os raios e trovões não paravam de cair e eis que mamãe pediu para o papai sair de cima do botijão de gás, pois era perigoso ser atingido por algum raio e papai balançava os ombros com um certo desdém do “Pedrão”.
Todos os pratos foram servidos e comiámos alegremente quando repentinamente um raio atingiu papai que caiu no chão. Nós ficamos horrorizados com o acontecido e corremos para “acudir” papai que aos poucos foi recuperando-se e voltamos a comer a feijoada mas com enorme receio de sermos atingidos por algum raio.
Era muito engraçado ver a cara de papai assustadíssimo e dizendo para mamãe: Poxa Tereza, você tem uma boca! E mamãe dizia: Não falei que os Santos podem castigar as zombarias.
Rimos muito e acabando de comer a feijoada fomos todos ouvir rádio com papai enquanto mamãe limpava toda a cozinha.
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