10 de jul. de 2011

CHURRASCO

                                                                                                        CHURRASCO

           A fumaça sobe e mistura-se com a alegria estampada no rosto de cada “churrascante”. Passados alguns minutos, ouvem-se alguns estalos do carvão começando a pegar fogo e algumas latas de cerveja sendo abertas. O cheiro delicioso de carne sendo assada é sentido a vários metros de distância.
           O clima é de festa e confraternização, abraços efusivos e comprimentos inconseqüentes são notados, ouve-se um grito de felicidade pela presença de um amigo chegando e trazendo um apetite invejável. Alguns se sentam ao redor da churrasqueira e ficam conversando sobre o cotidiano, mas invariavelmente o assunto gira em torno das últimas noticias da mídia, mulheres, futebol e alguns mais atrevidos falam sobre política. Quando trazem crianças e mulheres, nota-se que em pouco tempo as “rodinhas” de crianças e mulheres já estão formadas e só chegam perto da churrasqueira quando sentem fome e pedem com uma cara de piedade um pedaço de carne.
           O churrasco é um estado de espírito, há que estar com a alma tranquila, um astral elevadíssimo e vontade de viver, viver intensamente, esquecendo as cizânias da semana, a cara do chefe, a nota baixa na escola, os  engarrafamentos, as dívidas, os carnês, enfim é deixar levar-se por aquele momento sublime e inesquecível. Viver é preciso!
           Os melhores churrascos são aqueles que não são programados,  reúnem-se numa porta do bar,  da escola,  da faculdade,  ou qualquer outro lugar,  passam num açougue, compra-se a carne,  carvão,  sal grosso e cervejas e acendem a churrasqueira com ar de vitória. Quantos desses já participei! Foram vários.
           Há os churrascos que somos convidados e às vezes nos arrependemos de ter saído de casa, pois são específicos para uma determinada categoria de profissão. Aí falam sobre cirurgia, plástica, medicamentos. Foi num desses que eu participei e o pessoal, a maioria médicos e enfermeiras falando sobre operações, cirurgias, etc. dá vontade de sair correndo e comer um churrasquinho do tiozinho da esquina e falar sobre qualquer assunto,  menos ferimentos,  braço quebrado, etc. mas, passou, passou e deixa o carvão queimar que tem muita conversa para expandir a alma .
            Após várias rodadas de carne assada, alguns sentem-se no dever de armar uma boa rodada de truco, aí quem tem mulher é devidamente odiado quando senta-se a mesa para participar, podem esquecer que irão pedir para comprar mais carne e mais cervejas e jamais sairão antes da meia-noite da mesa. Coitado do churrasqueiro, isto quando a carne fica lá esturricando, abandonada  e o grau etílico misturado com a emoção do jogo fazem da carne uma mera coadjuvante do cenário.
            Churrascada assistindo uma emocionante partida de futebol também é bem “legal”, às vezes sai cada discussão que dá até medo, mas no final tudo termina bem.
            Nós brasileiros adoramos fazer churrasco, principalmente quando conseguimos reunir toda nossa família e lá ficarmos conversando despreocupadamente sobre tudo e sobre o nada, aí estamos carregando nossas energias para mais uma semana de dura baralha pela sobrevivência. Viva o Churrasco que tanto amamos! Vamos fazer um churrasco?