9 de set. de 2012

O SABIÁ LARANJEIRA



         A monotonia do cotidiano andava querendo surpreender-me e os horários milimetricamente estabelecidos no relógio para os afazeres do dia a dia estavam deixando-me um pouco entediado.
         Os horários impostos pelos compromissos do sobreviver às vezes deixam-me um pouco atordoado e lembro-me dos tempos em que eu não tinha relógio e o tempo era o agora.
         Naquela quinta-feira fui dormir exatamente no mesmo horário de costume e entrei em grandes reflexões sobre nossa existência e assim adormeci escutando belas músicas de um bar chamado “O Boêmio” que fica perto de casa.
         Acordei sobre o canto de um sabiá que insistia em cantar e cantar e cantar, não foi possível permanecer deitado e levantei-me lentamente e fui recepcionar meu mais novo amiguinho: O sabiá laranjeira.
         Coloquei um jarro de água no fogão para fazer o café matinal e fui apreciar a beleza de ser um pássaro e cantar maravilhosamente aquele horário, afinal eram apenas cinco e vinte da manhã e lá estava o meu amiguinho cantando despreocupadamente e olhando de soslaio ao seu redor. Não tenho inveja de absolutamente nada, mas naquele dia senti muita inveja do meu amiguinho sabiá. Talvez pela liberdade, pelo canto mavioso e por não ter horário com o cotidiano.
         Os dias foram passando, passando e descobri que o meu amiguinho também tem horário para o seu canto matinal e está estabelecido que o mesmo aparece no pé de goiabeira entre cinco horas até cinco e meia e depois levanta voo e vai não sei pra onde.
         O difícil e fazê-lo entender que aos sábados, domingos e feriados eu não trabalho, mas lá está ele a acordar-me às cinco da manhã.
         Aos finais de semana eu acordo no mesmo horário, abro a janela e desejo um bom dia ao meu mais novo amiguinho: O sabiá Laranjeira.

BOM DIA!



         A amizade com a Silvana tinha vários anos e ficamos verdadeiros amigos desde quando ela era adolescente e a conheci numa festa de final de ano quando a alegria e a felicidade invadia nossa casa.
         Os anos foram passando passando e nossa amizade foi fortalecendo-se e constantemente fazíamos o “happy-hour” nos finais de semana onde geralmente comíamos alguma pizza e bebíamos vários copos de chopes regados a vários sorrisos e uma ótima conversa.
         Os assuntos que conversávamos variavam muito e eu sempre adorava quando ela contava dos seus paqueras, pois a garota era muito linda e seus paqueras eram muitos.
         A minha querida colega trabalhava num banco e todos os dias a via sair da sua casa para ir ao trabalho e eu ficava imaginando: “Mas como ela veste-se bem, como ela é elegante, que perfume maravilhoso! E eu ficava imaginando que jamais ela iria trabalhar e sim iria a um shopping ou a alguma festa de rico.”
         Mas minhas dúvidas eram dissipadas quando a via atendendo os clientes com toda a sua elegância e simpatia como caixa no banco.
         Nas conversas das pizzarias eu sempre perguntava a ela qual teria sido a melhor cantada que ela já tinha recebido e num determinado dia ela disse:
         Olha Luiz, de todas as cantadas que recebi até hoje me recordo de um “caboclo” que todos os dias quando o banco abria lá estava o garoto na fila do meu caixa e eu atendendo a todos e quando chegava a vez do mesmo ser atendido ele simplesmente dizia: BOM DIA! Não quero absolutamente nada só passei por aqui para desejar um maravilhoso dia pra você e dizer que você é linda!
         A gente ria muito e depois eu perguntava a ela o final e ela dizia sorrindo: Encantador o gesto do garoto por enaltecer minha beleza, mas ele era muito feinho!
         Os risos ecoavam pelo estabelecimento e em seguida a gente chamava o garçom para servir mais alguns copos de chopes.