Como
gostaria de dormir mais um pouquinho nas antigas manhãs de domingo, mas era
impossível, pois existia uma irmãzinha chamada Selma que insistia em ir
acordar-me com palavras de carinho e querendo sentar-se no sofá onde meu corpo
jazia após uma semana de intenso trabalho como Office-boy numa companhia de
seguros no centro de São Paulo.
Acordava meio contrariado sob
risadinhas abafadas da minha irmãzinha e logo ouvia mamãe pedindo para que
minha irmãzinha me deixasse dormir mais um pouco e ela saia correndo balançando
os ombrinhos em zig-zag pela sala toda.
Sentava-me no sofá, colocava os pés no chão
e ensaiava as primeiras orações matinais, mas era quase impossível rogar e
pedir algo de bom no meio das minhas orações, pois a vozinha estridente da
minha querida irmãzinha ecoava por todos os cantos da sala, mesmo assim
prosseguia com insistência e após alguns minutos com os olhos fechados
compenetrado em minhas orações sentia o aroma maravilhoso do café que estava
sendo coado por mamãe, persignava-me, abria os olhos e lá estava minha
irmãzinha ajoelhada na minha frente, quietinha e tentando imitar-me, afagava os
seus cabelos e ia abluir-me enquanto escutava atrás de mim:
- Bom dia
irmão! Tudo bem? Você gostou de eu ter te acordado?
Ensaiava um
sorriso fraterno e aproveitava que mamãe não estava vendo e “lascava” uma toalhada
nas perninhas gordas da danadinha e lá ia ela correndo para os braços da mamãe
dizendo que eu tinha batido nela.
Naquela época adorava cantarolar
algumas músicas enquanto estava tomando banho e sempre lá estava minha
irmãzinha do lado de fora pedindo para eu cantar mais alto, pois ela não estava
conseguindo escutar qual a canção que estava sendo cantada e eu para “sacanear”
começava a mudar a letra da música citando o nome da minha irmãzinha e
chamando-a de chatinha entre vários lá lá lá.
Sentava-se a mesa para o nosso café
matinal e éramos presenteados pelo nosso querido pai José da Silva que com o
seu sorriso angelical cumprimentava a todos e dava-nos um beijinho na testa e
entre nossos sorrisos o café era servido num clima de domingo, com muita calma,
algumas piadinhas e nossa ansiedade em querer terminar logo o café para
passearmos com papai pelo imenso jardim que existia em frente da nossa casa.
Um comentário:
Muiiiiito legal!
A Selma era muiiiito sapeca mesmo.
Puxa é muito bom ler estes trechos e reviver estes momentos. lindos. te amo .
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