3 de out. de 2011

SONHO DE INTUIÇÃO



 
                                                     
        
       Mamãe era espírita, acreditava em alguns sonhos e dependendo do sonho que ela tivesse durante a noite, nós éramos orientados a não realizarmos determinadas tarefas ou tomarmos qualquer atitude diante dos seus sonhos. Eu achava tudo aquilo uma grande bobagem, nunca acreditei que pudéssemos sonhar e durante o sonho alguém dizer o que poderíamos  fazer ou não no dia seguinte, realmente era cético com relação aos sonhos de mamãe, até o dia que aconteceu um fato que fez mudar todos os meus conceitos de espiritualidade.
   Morávamos no bairro Cidade A.E. Carvalho, zona Leste de São Paulo e papai todo o dia saia de casa às 6h30min para tomar o ônibus que o levava até o centro de São Paulo, onde era o seu trabalho. Num determinado dia quando se preparava para sair de casa, presenciei o seguinte dialogo:
- Zezinho, pega o próximo ônibus, sonhei que o ônibus que você pega todos os dias acidentou-se!
- Ah, Thereza,  deixa eu ir trabalhar e esquece seus sonhos!
- Mas.... Amor, chega um pouquinho atrasado hoje, só hoje! Faz isso por nós!
- Thereza,  deixa eu passar, senão vou acabar perdendo o ônibus!
   E mamãe colocou-se na frente de papai impedindo-o de passar e eu apenas observando toda aquela cena e achando muito ridículo.... Eu pensava: “ Poxa, que coisa estúpida acreditar em sonhos!”
  Papai tentou desvencilhar-se de mamãe e ela agarrou-o pela cintura não permitindo que ele partisse.  Eu estava notando que papai começava a ficar zangado com tudo aquilo e passaram-se uns dez minutos e papai saiu muito contrariado e ela entrou, sentou-se numa cadeira e rezou uma prece, chamada Cáritas e disse:
- Tudo que eu pude fazer eu fiz, entrego na mão do Senhor!
Benzeu-se e foi fazer o serviço doméstico e eu saí para trabalhar, despedindo-se de mamãe, pois eu também trabalhava no centro de São Paulo como Office-boy e saia de casa às 7hs.
  Peguei o ônibus normalmente e quando o ônibus aproximava-se do Viaduto Pires do Rio, notei que o trânsito começou a parar na Avenida Radial Leste e todos nós ficamos apreensivos em saber o que estava acontecendo e o ônibus em que eu estava passou vagarosamente sobre o viaduto e observei que um ônibus da CMTC tinha caído num brejo, que hoje é a Av.Salim Farah Maluf e muitas pessoas estavam feridas e alguns mortos.
  Meu coração começou a disparar e comecei a suar muito em pensar em tudo aquilo que mamãe tinha falado e talvez papai estivesse naquele coletivo. Assim que o ônibus chegou ao centro de São Paulo, desci rapidamente e fui até o local em que papai trabalhava para certificar se ele estava lá. Assim que eu o vi, não me contive, desabei a chorar convulsivamente e entre soluços e com a cabeça no peito de papai dizia: Mamãe tinha razão, era para o senhor estar naquele ônibus! Papai passou carinhosamente a mão na minha cabeça e pediu para eu ir trabalhar porque estava tudo bem.
   Quando chegamos em casa naquele dia mamãe apenas disse:
- Viu como eu tinha razão e a partir deste fato comecem a acreditar nos meus sonhos!                                                                                              Carinhosamente abraçamos mamãe e a partir daquele dia todos os sonhos que mamãe tinha e orientava para que fizéssemos determinada “ação", rigorosamente era atendida. Vai lá saber o que poderia acontecer! Para não arriscar éramos obedientes e acreditávamos em todos os conselhos de mamãe, principalmente eu que agradeço de coração em estar vivo até hoje graças a vários sonhos de mamãe!

Um comentário:

Suely disse...

Pois é ainda você não comentou da roupa que a mãe deixou quarando do outro lado da rua e ela pediu pras 13 almas cuidar e eis que olhando pela janela a noite viram pessoas em volta das roupas , ela foi logo ao amanhecer e as roupas estavam todas la. kkk