Mamãe era espírita, acreditava em alguns sonhos e dependendo do sonho que ela tivesse durante a noite, nós éramos orientados a não realizarmos determinadas tarefas ou tomarmos qualquer atitude diante dos seus sonhos. Eu achava tudo aquilo uma grande bobagem, nunca acreditei que pudéssemos sonhar e durante o sonho alguém dizer o que poderíamos fazer ou não no dia seguinte, realmente era cético com relação aos sonhos de mamãe, até o dia que aconteceu um fato que fez mudar todos os meus conceitos de espiritualidade.
Morávamos no bairro Cidade A.E. Carvalho,
zona Leste de São Paulo e papai todo o dia saia de casa às 6h30min para tomar o
ônibus que o levava até o centro de São Paulo, onde era o seu trabalho. Num
determinado dia quando se preparava para sair de casa, presenciei o seguinte
dialogo:
- Zezinho,
pega o próximo ônibus, sonhei que o ônibus que você pega todos os dias
acidentou-se!
- Ah,
Thereza, deixa eu ir trabalhar e esquece
seus sonhos!
- Mas.... Amor,
chega um pouquinho atrasado hoje, só hoje! Faz isso por nós!
- Thereza, deixa eu passar, senão vou acabar perdendo o
ônibus!
E mamãe colocou-se na frente de papai
impedindo-o de passar e eu apenas observando toda aquela cena e achando muito ridículo....
Eu pensava: “ Poxa, que coisa estúpida acreditar em sonhos!”
Papai tentou desvencilhar-se de mamãe e ela
agarrou-o pela cintura não permitindo que ele partisse. Eu estava notando que papai começava a ficar
zangado com tudo aquilo e passaram-se uns dez minutos e papai saiu muito
contrariado e ela entrou, sentou-se numa cadeira e rezou uma prece, chamada
Cáritas e disse:
- Tudo que
eu pude fazer eu fiz, entrego na mão do Senhor!
Benzeu-se e
foi fazer o serviço doméstico e eu saí para trabalhar, despedindo-se de mamãe,
pois eu também trabalhava no centro de São Paulo como Office-boy e saia de casa
às 7hs.
Peguei o ônibus normalmente e quando o ônibus
aproximava-se do Viaduto Pires do Rio, notei que o trânsito começou a parar na Avenida
Radial Leste e todos nós ficamos apreensivos em saber o que estava acontecendo
e o ônibus em que eu estava passou vagarosamente sobre o viaduto e observei que
um ônibus da CMTC tinha caído num brejo, que hoje é a Av.Salim Farah Maluf e
muitas pessoas estavam feridas e alguns mortos.
Meu coração começou a disparar e comecei a
suar muito em pensar em tudo aquilo que mamãe tinha falado e talvez papai estivesse
naquele coletivo. Assim que o ônibus chegou ao centro de São Paulo, desci
rapidamente e fui até o local em que papai trabalhava para certificar se ele
estava lá. Assim que eu o vi, não me contive, desabei a chorar convulsivamente
e entre soluços e com a cabeça no peito de papai dizia: Mamãe tinha razão, era
para o senhor estar naquele ônibus! Papai passou carinhosamente a mão na minha
cabeça e pediu para eu ir trabalhar porque estava tudo bem.
Quando chegamos em casa naquele dia mamãe
apenas disse:
- Viu como
eu tinha razão e a partir deste fato comecem a acreditar nos meus sonhos!
Carinhosamente abraçamos mamãe e
a partir daquele dia todos os sonhos que mamãe tinha e orientava para que
fizéssemos determinada “ação", rigorosamente era atendida. Vai lá saber o que
poderia acontecer! Para não arriscar éramos obedientes e acreditávamos em todos
os conselhos de mamãe, principalmente eu que agradeço de coração em estar vivo
até hoje graças a vários sonhos de mamãe!
Um comentário:
Pois é ainda você não comentou da roupa que a mãe deixou quarando do outro lado da rua e ela pediu pras 13 almas cuidar e eis que olhando pela janela a noite viram pessoas em volta das roupas , ela foi logo ao amanhecer e as roupas estavam todas la. kkk
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