A maioria dos brasileiros adora feijoada, este prato tipicamente nacional conhecido por nós desde os tempos da escravidão no Brasil. A origem da feijoada é de uma criatividade inigualável: sobrava resto de pedaços de porco que seriam jogados fora os escravos aproveitavam e cozinhavam tudo num grande tacho, levavam a um fogão à lenha e após ficar um bom tempo cozinhando eles comiam prazerosamente.
Nossa família sempre apreciou uma suculenta feijoada e como mamãe adorava cozinhar, constantemente éramos presenteados com este saboroso “prato”.
Ao longo da minha existência participei de várias feijoadas preparadas por mamãe, de todas aconteceu uma que me recordo perfeitamente como se fosse hoje.
Morávamos numa humilde e simples casa numa chácara repleta de milhos, mandiocas, bananeiras e ali minha infância aconteceu repleta de felicidade e carinho dos meus pais. Esta chácara ficava localizada num bairro chamado Ponte Rasa, zona leste da cidade de São Paulo e atrás da nossa “velha casinha” existia um improvisado fogão à lenha construído pelas hábeis mãos de papai e que constantemente eram preparadas suculentas feijoadas aos sábados.
Numa sexta-feira, papai pediu para mamãe comprar os ingredientes para preparar uma feijoada e deixar de molho da sexta-feira para o sábado e assim foi feito.
Logo nas primeiras horas da manhã eu ficava encarregado de acender o fogão a lenha para começar os preparativos para a tal da feijoada e lá vinha mamãe com as panelas, as carnes previamente dessalgadas e os condimentos e iniciava o preparo do prato preferido por todos da família.
Aquele sábado amanheceu nublado, prenunciando que iria chover muito, mas mesmo assim foi dada continuidade nos preparativos da feijoada e logo após o fogão ser aceso por mim, as panelas foram colocadas e fomos brincar no imenso terreno da nossa querida chácara. Esconde-se aqui, corre para baixo das bananeiras, entre os milharais, acompanhávamos os passos de uma enorme pata com seus maravilhosos patinhos nadando num pequeno laguinho e sentíamos o maravilhoso cheiro da deliciosa feijoada que estava sendo preparada por mamãe.
Uma pequena mesa foi cuidadosamente arrumada dentro da nossa cozinha e todos sentamo-nos para iniciar a degustação da feijoada. Exatamente neste momento o céu ficou muito escuro e parecia que o Mundo ia acabar e vários raios começaram a ser despejados do céu e a cada raio e trovão que ouvíamos papai brincava dizendo que o “Pedrão” estava fazendo mudança no céu e mamãe dizia:
- Zé para com isto, pois São Pedro pode castigar você! E papai ria alegremente.
Começamos comer a feijoada e papai optou em sentar em cima de botijão de gás vazio e elegremente comiámos nossa feijoada preparado com muito esmero por mamãe e os raios e trovões não paravam de cair e eis que mamãe pediu para o papai sair de cima do botijão de gás, pois era perigoso ser atingido por algum raio e papai balançava os ombros com um certo desdém do “Pedrão”.
Todos os pratos foram servidos e comiámos alegremente quando repentinamente um raio atingiu papai que caiu no chão. Nós ficamos horrorizados com o acontecido e corremos para “acudir” papai que aos poucos foi recuperando-se e voltamos a comer a feijoada mas com enorme receio de sermos atingidos por algum raio.
Era muito engraçado ver a cara de papai assustadíssimo e dizendo para mamãe: Poxa Tereza, você tem uma boca! E mamãe dizia: Não falei que os Santos podem castigar as zombarias.
Rimos muito e acabando de comer a feijoada fomos todos ouvir rádio com papai enquanto mamãe limpava toda a cozinha.
Um comentário:
Tinhamos muito medo do pai, mais mais mais medo da boca da mãe rsrsrsr. bjs, obrigado por nos levar novamente pra re cordaço~es ja esquecidas pelo tempo. te amo.
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