E assim que desembarcou na antiga rodoviária da estação da
Luz, dentro do ônibus observou uma grande movimentação de pessoas que passavam
rapidamente com enormes malas pra lá e pra cá.
O motorista
abriu o grande compartimento que ficava na parte debaixo do ônibus, colocou as
enormes malas do Senhor João no chão, conferiu o bilhete e fechou rispidamente
o enorme “maleiro” e disse:
- Felicidades e muito sucesso nesta grande metrópole!
O senhor João, sua esposa Maria e os seis filhos pequenos
pegaram as enormes malas e saíram silenciosamente pelas ruas da redondeza da rodoviária
sem destino, entraram num pequeno boteco e pediram alguns pastéis e duas tubaínas
e lá ficaram a degustar os pastéis e olhando toda aquela movimentação da rua
com muito receio da grande metrópole chamada São Paulo.
Após saciarem a
enorme fome de todos, saíram silenciosamente olhando para o chão enquanto as
crianças admiravam com muita alegria e ansiedade tudo e todos.
Embarcaram em um
ônibus lotadíssimo com destino a zona Leste de São Paulo onde poderiam rever um
compadre que tinha vindo para a cidade há muitos anos e prontificou-se a recebe-los
até que arranjassem um pequeno cômodo por lá mesmo, um emprego e a vida pudesse
ganhar o seu rumo na grande cidade.
Durante o café
da manhã o compadre disse ao senhor João:
- Olha compadre, vocês podem ficar aqui na nossa humilde casa
morando conosco até “aprumarem” e depois que conseguirem um pequeno cômodo por
aqui mesmo. Tenho um pequeno serviço para o senhor!
O senhor João olhou para o compadre e foi logo perguntando:
- Mas que tipo de serviço eu poderia fazer se só sei capinar
roçado, cuidar de gado e cortar lenha?
O compadre foi logo explicando que conhecia um senhor que
trabalhava numa agência de publicidade e sempre estava precisando de pessoas
para carregar algumas placas com propagandas pelo centro de São Paulo.
O senhor João um pouco receoso perguntou:
- Mas, Compadre, será que eu sirvo pra este tipo de serviço?
Afinal nem ler e escrever eu sei!
- Ora compadre, é só carregar a placa pra lá e pra cá e ficar
orientando o pessoal para ir até a loja, muito fácil o serviço e nem é
necessário ser “letrado”.
No outro dia lá
estavam os compadres descendo do ônibus no centro da capital paulista e
entrando numa agencia de publicidade e o senhor João foi apresentado para um
obeso senhor que fez algumas perguntas para o senhor João e alguns minutos
depois lá estava o Senhor João em frente a uma grande loja de departamentos
chamada Mappin.
Após algumas
orientações do senhor obeso o senhor João foi “abandonado” em frente ao Mappin
com uma enorme placa que cobria todo o seu esquelético corpo e seguiu entrando
pela rua Sete de Abril com destino a Praça da República.
O senhor João
muito apreensivo andava pela praça toda e sempre o seu olhar parava naquela
enorme loja de departamentos chamada Mappin e então ele ficava imaginando o que
poderia ser encontrado naquela linda e majestosa loja com um enorme relógio,
muitas letras que ele não conseguia identificar por não saber ler.
Pessoas passavam
apressadas e a maioria nem parava para observar a insignificante presença do
senhor João e no finalzinho da tarde quando uma enorme chuva fez todos
encostarem embaixo de enormes toldos o senhor João coçou a enorme barba e ficou
com muita vontade de entrar naquela linda loja.
O senhor obeso
apareceu e depositou uma quantia em dinheiro na mãos do senhor João desejou uma
boa noite e pediu que na manhã seguinte apresentasse no mesmo lugar em que
estivera naquela manhã e saiu apressado pelo viaduto do Chá.
O senhor João
parou em frente a grande loja e decidiu entrar e vagarosamente atravessou o
andar térreo repleta de pessoas olhando tudo e ficou a imaginar na
grandiosidade daquela cidade e foi andando entre alguns esbarrões parou diante
de uma enorme vitrine que vendia brinquedos e humildemente perguntou quanto
custava aquela pequena bonequinha com um lacinho na cabeça, a vendedora muito
atenciosa disse o preço, o senhor João enfiou a mão no bolso da carcomida calça
e retirou a quantia exata para adquirir aquela linda bonequinha para levar para
sua filhinha caçula.
Chegou em casa
após duas horas dentro do sufocante ônibus, entrou sorrateiramente e depositou
a bonequinha ao lado da filhinha que já estava dormindo, tomou um banho e foi
dormir ao lado da esposa e ainda teve tempo de dizer sobre o presentinho que tinha
comprado na grande loja chamada Mappin.
Adormeceu muito
feliz com a imagem da grande loja de departamentos na cabeça e o rostinho de
felicidade da filhinha no dia posterior quando iria ganhar a linda bonequinha
comprada no Mappin.
Um comentário:
Foi um lugar que marcou muiiiitas pessoas, afinal marcavamos ate encontros em frente.Tinha ate um policial que fazia e acvontecia se desobedeciamos o transito. muiiito legal! bjs.
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