Existiu uma época em que eu trabalhava numa indústria de
computadores em São Paulo e constantemente locomovia-me pelas ruas da grande
metrópole de taxi, pois o serviço era feito em outras fábricas que forneciam
periféricos para empresa onde eu trabalhava e foi assim que acabei conhecendo
um motorista que tinha uma casa em Massaguaçú em Caraguatatuba, litoral norte
de São Paulo.
Nossas constantes
conversas durante o trajeto que às vezes era muito longo sempre giravam em
torno de praias, férias, descanso entre várias buzinadas de carros que passavam
por nós freneticamente em busca do não chegar atrasado e entre várias cortadas
e alguns sorrisos chegávamos ao nosso destino.
Em um determinado
dia o motorista ofereceu a sua casa da praia para eu descansar com minha
família durante minha férias e imediatamente aceitei e disse que passaria os
trinta dias no litoral e foi assim que nos despedimos com a entrega da chave da
casa e no outro dia estávamos descendo a serra com destino a tão sonhada férias
na praia.
A nossa alegria era
inefável e assim que chegamos na casa deparamos com um enorme quintal, um lindo
e frondoso abacateiro que serviu para colocarmos nossas redes de descanso e
após uma longa e demorada limpeza estávamos preparados para apreciar o que
existe de mais belo neste Mundo: A Praia.
Levantamos bem cedo
e fomos conhecer nossos vizinhos e dissemos que iriamos a praia e pedimos que
dessem uma “espiada” na casa e a simpatia e a humildade do senhor João, um
velho caiçara que prontamente disse:
- Pode ir sossegado que nós ficaremos olhando a casa, fiquem
tranquilos que aqui é tudo parente.
Com o passar dos
dias nossa amizade com o velho caiçara e sua família ficou estabelecida e já os
considerava como se fossem membros da nossa família.
Passamos os trintas
dias na mais perfeita harmonia durante a minha férias, passeamos muito e
voltamos “tostados” pelo escaldante Sol de 40 graus e cheio de felicidade para
São Paulo.
Foram várias as
nossas voltas à casa da praia e existiu uma época que quase todos os finais de
semana lá estávamos nós para um merecido e repousante momento de alegria e
felicidade que aquela casa, nosso vizinho e o Mar tanto preenchiam nossas
almas.
Num determinado
final de semana chegamos a noite na casa e assim que terminamos a limpeza e
colocamos todas nossas “tralhas” dentro da casa fomos fazer uma breve visita ao
senhor João e foi quando a sua esposa disse:
- Nossa, que bom que vocês vieram, entra que vou servir um
cafezinho pra vocês!
A minha patroa ficou conversando demoradamente com a dona
Mariana, esposa do senhor João e foi quando ela falou que estava muito feliz,
pois o seu marido tinha conseguido um emprego de caseiro na casa de praia de um
influente médico cirurgião de São Paulo e naquele momento o senhor João estava
limpando a casa do doutor e se nós aceitarmos poderia nos levar até a mansão do
proprietário para dar um “alô” para o senhor João.
Saímos muito feliz
e passados alguns minutos estávamos diante de um castelo com câmaras por todo o
muro e lá estava o senhor João a abrir a pesada porta e convidando a gente para
entrar e apreciar o luxo que era a casa onde ele trabalhava como caseiro.
Entramos
cautelosamente e deparamos com uma linda piscina com água bem azul, limpinha,
limpinha, algumas mesas colocadas ao redor e algumas lâmpadas iluminando todo o
ambiente e imediatamente o humilde senhor João falou se quiséssemos poderíamos
tomar um banho na piscina, pois os patrão não viria naquele final de semana e a
piscina era toda nossa. Olhei para a patroa e questionei a nossa entrada e ela
sorriu marotamente e disse:
- Se o senhor João está nos convidando não há objeção,
entremos agora.
Corremos até nossa casa e trouxemos nossas roupas de banho,
dois salames, algumas cervejas, um refrigerante e lançamos nossos corpos
intrusos naquela linda piscina e após alguns minutos em que nossa felicidade
parecia não caber em todo o litoral apareceu o senhor João com ar de muita
culpa e pediu gentilmente para sairmos apressados da piscina que o seu patrão
tinha chegado sem avisar e havia a necessidade de sairmos rapidamente pela
porta dos fundos e lá estávamos nós saindo pelas portas dos fundos com as
roupas nas mãos, o salame e algumas latas de cervejas e sorrindo muito pelo
hilário momento que jamais esqueceremos.
Um comentário:
Pois é momentos que na hora ate ficamos chateados, mais ao relembrarmos, é so riso, afinal... boa vontade...deixa pra lá. valeu o momento !!!
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