30 de set. de 2013

A CASA DE PRAIA





Existiu uma época em que eu trabalhava numa indústria de computadores em São Paulo e constantemente locomovia-me pelas ruas da grande metrópole de taxi, pois o serviço era feito em outras fábricas que forneciam periféricos para empresa onde eu trabalhava e foi assim que acabei conhecendo um motorista que tinha uma casa em Massaguaçú em Caraguatatuba, litoral norte de São Paulo.
     Nossas constantes conversas durante o trajeto que às vezes era muito longo sempre giravam em torno de praias, férias, descanso entre várias buzinadas de carros que passavam por nós freneticamente em busca do não chegar atrasado e entre várias cortadas e alguns sorrisos chegávamos ao nosso destino.
     Em um determinado dia o motorista ofereceu a sua casa da praia para eu descansar com minha família durante minha férias e imediatamente aceitei e disse que passaria os trinta dias no litoral e foi assim que nos despedimos com a entrega da chave da casa e no outro dia estávamos descendo a serra com destino a tão sonhada férias na praia.
     A nossa alegria era inefável e assim que chegamos na casa deparamos com um enorme quintal, um lindo e frondoso abacateiro que serviu para colocarmos nossas redes de descanso e após uma longa e demorada limpeza estávamos preparados para apreciar o que existe de mais belo neste Mundo: A Praia.
     Levantamos bem cedo e fomos conhecer nossos vizinhos e dissemos que iriamos a praia e pedimos que dessem uma “espiada” na casa e a simpatia e a humildade do senhor João, um velho caiçara que prontamente disse:
- Pode ir sossegado que nós ficaremos olhando a casa, fiquem tranquilos que aqui é tudo parente.
     Com o passar dos dias nossa amizade com o velho caiçara e sua família ficou estabelecida e já os considerava como se fossem membros da nossa família.
     Passamos os trintas dias na mais perfeita harmonia durante a minha férias, passeamos muito e voltamos “tostados” pelo escaldante Sol de 40 graus e cheio de felicidade para São Paulo.
     Foram várias as nossas voltas à casa da praia e existiu uma época que quase todos os finais de semana lá estávamos nós para um merecido e repousante momento de alegria e felicidade que aquela casa, nosso vizinho e o Mar tanto preenchiam nossas almas.
     Num determinado final de semana chegamos a noite na casa e assim que terminamos a limpeza e colocamos todas nossas “tralhas” dentro da casa fomos fazer uma breve visita ao senhor João e foi quando a sua esposa disse:
- Nossa, que bom que vocês vieram, entra que vou servir um cafezinho pra vocês!
A minha patroa ficou conversando demoradamente com a dona Mariana, esposa do senhor João e foi quando ela falou que estava muito feliz, pois o seu marido tinha conseguido um emprego de caseiro na casa de praia de um influente médico cirurgião de São Paulo e naquele momento o senhor João estava limpando a casa do doutor e se nós aceitarmos poderia nos levar até a mansão do proprietário para dar um “alô” para o senhor João.
     Saímos muito feliz e passados alguns minutos estávamos diante de um castelo com câmaras por todo o muro e lá estava o senhor João a abrir a pesada porta e convidando a gente para entrar e apreciar o luxo que era a casa onde ele trabalhava como caseiro.
     Entramos cautelosamente e deparamos com uma linda piscina com água bem azul, limpinha, limpinha, algumas mesas colocadas ao redor e algumas lâmpadas iluminando todo o ambiente e imediatamente o humilde senhor João falou se quiséssemos poderíamos tomar um banho na piscina, pois os patrão não viria naquele final de semana e a piscina era toda nossa. Olhei para a patroa e questionei a nossa entrada e ela sorriu marotamente e disse:
- Se o senhor João está nos convidando não há objeção, entremos agora.
Corremos até nossa casa e trouxemos nossas roupas de banho, dois salames, algumas cervejas, um refrigerante e lançamos nossos corpos intrusos naquela linda piscina e após alguns minutos em que nossa felicidade parecia não caber em todo o litoral apareceu o senhor João com ar de muita culpa e pediu gentilmente para sairmos apressados da piscina que o seu patrão tinha chegado sem avisar e havia a necessidade de sairmos rapidamente pela porta dos fundos e lá estávamos nós saindo pelas portas dos fundos com as roupas nas mãos, o salame e algumas latas de cervejas e sorrindo muito pelo hilário momento que jamais esqueceremos.

29 de set. de 2013

O PESCADOR



         
      

             Eu já estava vendendo sorvetes fazia um bom tempo nas belas praias de Ubatuba e todos os dias meus olhos deslumbravam a linda natureza entre Ubatuba e a praia de Itamambuca.
         Saia bem cedinho da sorveteria e pegava um ônibus que ia para Picinguaba, descia na estrada e caminhava uns três quilômetros e lá estava eu diante da oitava maravilha do mundo chamada: Praia de Itamambuca, no litoral Norte de São Paulo.
         Naquele domingo ensolarado resolvi levar mais picolés e assim que cheguei na praia avistei um rapaz que estava pescando e constantemente lançava sua linha de pesca ao mar, ficava eternos minutos esperando o peixe e nada, nada de peixe, o rapaz enrolava humildemente a linha de pesca e novamente lançava a mesma ao mar embaixo de um escaldante sol de 40 graus.
         Como eu não ficava parado com o meu carrinho de sorvetes ficava prestando atenção a persistência do rapaz em querer pescar um peixe, qualquer peixe e sempre que passava pelo mesmo dizia:
- Vai ficar com a família amigo, abandone esta pescaria!
O rapaz sorria e dizia:
- Pois é sorveteiro, irei pescar um enorme peixe e você irá me ajudar a transportar o mesmo, pois será enorme.
         O tempo foi passando e eu já tinha vendido quase todos os meus picolés e o rapaz lá firme lançando constantemente sua linha ao  mar e nada de peixe e inesperadamente a linha de pesca ficou esticada e o rapaz soltou um grito de Felicidade:
Consegui um peixe!
        Corremos para perto do rapaz para presenciar a luta em enrolar e soltar a linha e a linha de pesca cada vez mais esticada e eu pensando: “Só falta arrebentar” um outro senhor prontificou a ajudar o pescador iniciante a retirar o peixe do mar e mansamente o mesmo foi ficando mais perto de todos e quando tiraram o peixe do mar todo nós ficamos estupefatos com o enorme peixe que o rapaz pescara: Um enorme peixe de uns trinta quilos.
         Como era lindo admirar o ar de felicidade do pescador e assim que o mesmo foi retirado do anzol fui chamado para ajudar a transportar o mesmo em cima do meu carrinho de sorvetes até um quiosque e todos diziam:
- Pescador que é pescador devolve o peixe para o mar!
E o pescador dizia: De jeito nenhum, este vou levar pra minha casa e terei mistura durante uma semana!
         Colocou o peixe dentro de uma enorme caixa de isopor e colocou dentro de uma Brasília amarela com placa de Santo André, acelerou e deu tchauzinho a todos.
         Ficamos na praia perplexos e os comentários que eu escutava sobre a persistência do pescador eram dos mais variados:
Parabéns pescador! Paciência é tudo!