Existem
alguns momentos durante o meu trabalho que resolvi colocar o nome de “Pérolas
do Cotidiano”.
A quantidade de pessoas que frequentam diariamente
o Laboratório de Análises Clínicas é surpreendente e pessoas de todos as
classes sociais aparecem por lá para realizar exames clínicos e de vez em
quando aparece alguma pessoa que imediatamente relaciono nas Pérolas do
Cotidiano.
Recentemente eu estava marcando
consultas para um senhor de 92 anos de idade e quando perguntei a idade que ele
tinha ele disse:
- Olha
garoto, até os oitenta anos eu contei, depois perdi as contas, “desacorçoei” e
sorriu alegremente dando sinal que viveria muitos anos com aquele maravilhoso
senso de humor.
Em outra oportunidade apareceu um velhinha
quase na casa dos 100 anos, exatamente 98 anos e resolvi perguntar a ela qual
era a receita de longevidade e ela caminhando lentamente com a ajuda da sua
bisneta disse:
- Olha
senhor é necessário movimentar-se constantemente e viver feliz com aquilo que o
senhor tem! E saiu caminhando lentamente pedindo para eu ser feliz.
E lá estava um garotinho bem gordinho em
jejum de oito horas encostado num canto do laboratório aguardando pacientemente
o momento de fazer os exames e suplicando para sua mãe que deixasse comer
apenas uma coxinha do ambulante que fica em frente ao laboratório e ela dizia:
- Fica quietinho
que depois dos exames eu pago duas coxinhas pra você! E o garotinho com ar de
súplica e muita fome pediu para a mãe para beber água no bebedouro que fica do
lado externo e a mãe permitiu e ela rapidamente foi correndo até o ambulante e
solicitou a venda de uma coxinha para sua mãe que estava passando muito mal de
tanta fome e colocou toda a coxinha na boca, mastigou rapidamente e engoliu e
veio limpando a boca e disse à mãe que tinha bebido água e a mãe resolveu
certificar com o ambulante sobre a venda da coxinha. Ela ficou muito zangada
com filho e foram embora com um olhar de satisfação do gordinho. O gordinho
tinha “quebrado” o jejum e não foi possível fazer os exames.
Abri cautelosamente o livro e escrevi o
nome de um senhor idoso e enquanto eu estava marcando a data e disse que
haveria a necessidade de ficar doze horas sem comer absolutamente nada, olhei
de soslaio e observei que aquele senhor começara a chorar e perguntei a ele se
estava passando bem e ele disse:
- Estou sim
senhor, é que toda a vez que tenho que ficar sem comer nada, lembra-me quando
eu era muito pobrezinho e era obrigado a fazer jejum obrigatoriamente por não
ter absolutamente nada para comer, o senhor me desculpa? E saiu vagarosamente
com seu pedido de exames enxugando as lágrimas com um lenço. Não me contive e
deixei meus olhos lacrimejarem por alguns instantes.
Cotidianamente estou cadastrando mais e
mais pérolas do Cotidiano e sempre aprendendo com pessoas que estão passando
por momentos muito difíceis e dando valor a cada segundo vivido neste Planeta.
Um comentário:
POIS É1 VIVER SEM LUXURIA É QUASE ADMISSIVEL... MAIS LEMBRAR DA POBREZA QUANDO SE PODE COMER É UM DESAFORO!!!
HOJE A DNA. INEZ DA SELMA FEZ AREROZ JAPONES, DIGA SE DE PASSAGEM ARROZ SEM GOSTO, COM GOSTO DE AGUA. E QDO NÓS FALAMOS QUE ESTAVA RUIM... ELA DISSE - SE OFERECER PARA QUEM TEM FOME E NÃO TEM O QUE COMER... COM CERTEZA ELES ACHARÃO UM MANJAR DOS DEUSES... RSRSRSR... BJS. TE AMO.
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