Quando eu
cursava eletrônica numa escola Técnica meu maior prazer era construir pequenos
equipamentos que vinham detalhados em revistas de eletrônica vendidas nos
jornaleiros.
Em uma ocasião durante o meu curso de eletrônica
parei em frente a um jornaleiro e fiquei vários minutos observando as revistas
de eletrônica e apenas uma chamou-me atenção, pois dava todas as orientações em
como montar um micro-transmissor de FM. Comprei a revista e fui correndo para
uma loja que vendia componentes eletrônicos para começar a montar o
equipamento.
O grande prazer que sentimos em montar um
equipamento eletrônico é vê-lo funcionando e podermos usá-lo de várias maneiras.
Cheguei em casa e comecei a montar o
equipamento, soldando um componente aqui, soldando outro componente acolá na
placa e passados algumas horas o micro-transmissor estava pronto e foi só
começar os testes para ver se estava funcionando e minha felicidade ao vê-lo
funcionando foi imensa.
Depois de testado e aprovado só faltava
achar uma aplicação para o mesmo e meus pensamentos viajaram vários quilômetros
e dei um estalo nos dedos e já tinha uma aplicação muito engraçada para o
mesmo, pois iria fazer uma brincadeira com o pessoal da minha família que
morava na Vila Maria Alta.
Convidei a minha esposa para irmos para
São Paulo naquela véspera de Natal e ela aceitou e assim embarcamos a
tardezinha sob uma tênue garoa.
Assim que chegamos à casa dos meus pais,
ficamos parados do outro lado da rua observando todos que entravam e saiam da
casa e quando eu avistei meu irmão Robson Rogério chegando em casa chamei-o,
dei-lhe um enorme abraço e comecei a detalhar a minha brincadeira que faria com
minha mãe Thereza Miranda da Silva.
Retirei o pequeno equipamento da mala, um
pequeno rádio FM e comecei as transmissões, pois eu falava e ele escutava pelo
rádio minha voz e ele ficou encantado e foi então que disse:
- Olha
Robson, necessito que você trouxesse o rádio existente na sua casa para
podermos sintonizarmos na frequência do micro-transmissor e depois o leve
novamente de volta e coloque-o em cima da geladeira, pois vou passar um recado
para a mãe e assim que você colocar o rádio em cima da geladeira tente manter a
mãe por perto, pois será muito engraçado eu falar com ela, pois já faz muito
tempo que não nos vemos.
E lá saiu meu irmão Robson todo feliz para
executar o plano da transmissão e quando ele apareceu no portão e fez sinal de
ok comecei minha transmissão:
Olá mamãe,
Feliz Natal! Quanto tempo que não a vejo! E assim que comecei a transmitir e mamãe chegou mais perto do rádio e disse:
- Nossa Zé,
parece que é o Luiz que está falando, vem escutar! E meu pai abanou a cabeça e
continuou a leitura do seu livro no sofá e foi quando eu disse:
- Poxa pai,
quanto tempo sem nos ver e o senhor não presta atenção a esta singela mensagem
do “além”!
E assim prossegui falando e pedindo
orações e felicitando a todos e aproximando-me da cozinha onde estava o rádio e
assim que cheguei na porta da cozinha foi muito engraçado ver toda a família reunida em volta da
geladeira e foi então que dei um grito enorme dizendo:
FELIZ NATAL
A TODOS!
Entre beijos e abraços confesso que levei alguns tapas da minha mãe que estava com os olhos cheio de lágrimas, não sei se era de emoção do reencontro ou raiva pela singela brincadeira proporcionada pela transmissão do pequeno equipamento transmissor de voz.
Mais uma bela recordação da véspera do Natal. Feliz
Natal a todos!