E novamente encontrava-me sem vínculo empregatício e via-me obrigado a encarar os “bicos da vida” para poder dar algum dinheiro para minha irmã Sônia, visto que morava em sua residência e tinha uma vergonha danada em dormir, comer e não contribuir com absolutamente nada.
Num determinado dia convidei meu querido sobrinho Evandro para irmos até uma fábrica de vassouras e comprar algumas vassouras e rodos e sairmos pelas ruas vendendo de casa em casa.
Imediatamente ele aceitou e lá fomos nós até a fábrica fazer a aquisição das tais vassouras que seriam vendidas no dia seguinte. Compramos uma dúzia de vassoura e uma dúzia de rodo, cada um de nós pagamos a metade do valor e combinamos que enquanto não vendêssemos todas as vassouras e rodos não voltaríamos para casa.
No dia seguinte, bem pela manhã separamos as vassouras e os rodos e saímos batendo de porta em porta oferecendo nossos produtos para a população da Vila Maria Alta, zona norte de São Paulo.
Inicialmente nossas vendas não estavam sendo aceitas, pois era um sábado chuvoso, aquele sábado que todos adoram dormir até um pouco mais tarde e quando batíamos palmas ou tocávamos a campainha de alguma casa, alguns diziam palavras impróprias e de baixo calão. Mas não desistimos e continuamos oferecendo nossos higiênicos produtos e lá pelas dez horas da manhã uma moradora do bairro aceitou comprar a primeira vassoura, vendida pelo meu sobrinho Evandro.
Meus ombros já estavam doendo muito e sentia uma vontade enorme de jogar todas aquelas vassouras e rodos no lixo e voltar para casa, mas não podia fazer nada daquilo que meu pensamento queria, pois metade do dinheiro da aquisição pertencia ao meu sobrinho.
Sobe rua, desce rua, aperta campainha, ninguém atende e às vezes, balbuciando praguejávamos alguns moradores que nem sequer abria a porta para falar: Não obrigado, não quero!
O relógio apontava duas horas da tarde, algumas vassouras e rodos já tinham sido vendidos e a fome aumentava, foi quando decidimos entrar num boteco para comer um lanche. Colocamos humildemente as vassouras e os rodos em pé perto da porta do boteco e entramos para lanchar. Pedimos alguns salgadinhos, o Evandro pediu um refrigerante e eu solicitei uma cerveja bem gelada e o proprietário atendeu-nos prontamente. Conversa vai, conversa vem, oferecemos nossas vassouras para o dono do boteco que acabou ficando com uma e descontamos no pagamento da nossa conta.
Vila Maria tornou-se pequena para nosso negócio e partimos para Vila Medeiros e os ombros latejavam de tanta dor, fomos e voltamos e conseguimos vender apenas três dos nossos produtos.
Num determinado instante o Evandro parou perto de um Posto de gasolina, na Estrada da Conceição e anunciou que precisava retornar pra casa, pois tinha que ir viajar com sua tia e precisava da metade do lucro dos produtos.
Tentei explicar para ele que precisávamos vender tudo para poder dividir o lucro e ele iradamente disse:
- Se o Senhor não der minha parte agora, irei denunciá-lo no Programa do Ratinho. Ri e disse calmamente a ele:
- Olha aqui garoto, não vou dar absolutamente nada pra você enquanto não vendermos todos os rodos e vassouras, ainda faltam seis unidades, e tá falado. Bóra andando que começou a garoar de novo!
Os olhos do meu sobrinho marejaram, não sei se era de dor nas costas ou minhas ríspidas palavras que tinham ferido sua alma e então ele saiu na frente pisando duro e entrou num “cortiço” com as seis unidades dos nossos produtos. Fiquei aguardando o seu retorno e eis que o meu sobrinho subiu as escadas, sem nenhum produto e contando alegremente o dinheiro que tinha arrecadado com a venda.
Dividimos o lucro das vendas e pedi explicações de como ele tinha vendido tão rapidamente os produtos e ele calmamente disse-me:
- Sabe tio, precisava viajar, então ofereci de porta em porta no cortiço e falava que o Senhor era muito bravo e se eu voltasse com alguma unidade quando chegasse em casa levava uma surra enorme.
Sorri e agradeci meu sobrinho passei a mão na sua cabeça e algumas lágrimas brotaram nos meus olhos. Ele partiu alegremente para sua viagem e eu fui beber algumas cervejas no bar, após dar uma parte do dinheiro ganho para minha irmã. Eta vidinha difícil! rsrsrsrsrs
3 comentários:
Eu ri muito, verdadeira essa historia e o Evandro é pessoa que não nega serviço, mesmo que forçado pelo tio rsrsrsr. amo vcs dois, brigado pelas risadas do momento, vcs são o maximo rsrsr
amei essa historia....o temopinho bom....+ cade
amei essa historia...saudades desse tempo...+ cade o dinheiro da venda dessa vasouras rsrsrs....k nada vendeu tds as vasouras com medo de levar vassouradas...chegou em casa gelado de tanto tomar suas geladinhas rsrsr o Evandro chegou primeiro e logo foi comprar sua tubaina no Bar do barrada,pois e mano sua convivencia com a gente foi legal embora entre tapas e bjs ....nos te amamos
Tio, que história bacana... dá pra ir imaginando as cenas enquanto vamos lendo...
O Bá é e sempre foi muito trabalhador, e você é pau pra toda obra! rs
Beijos em vocês dois! Amo vocês e tenho muito orgulho dos dois!
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