23 de fev. de 2012

SENHOR VICENTE - (O GARÇOM)

          Quem teve o Sr. Vicente como garçom, não precisa de mais nada nesta vida! O Sr. Vicente quando nasceu já estava predestinado a servir a todos os clientes que aparecessem na Rua 24 de Maio, no Centro de São Paulo.
          O bar foi apresentado por minha irmã Selma e como eu adorava fazer um happy-hour nos finais da tarde, adorava beber alguns chopes e desfazer as complicações do cotidiano, aceitei em conhecer o tal do bar do Sr.Vicente.
          Cheguei um pouco desconfiado, afinal o bar estava instalado numa galeria, minúsculo, sem opções de ver a rua, a Avenida Paulista, o que aquele bar poderia oferecer a um bom bebedor de chopes?
           Fui apresentado ao Sr.Vicente e imediatamente ele curvou-se elegantemente diante da minha insignificante pessoa, apertou minha mão e disse:
- Estamos aqui para servi-los, fique a vontade, a casa é toda sua!
            A cordialidade do Sr.Vicente encantou meu coração, era um senhor já idoso, lá pela casa dos 60 anos, carregava sempre um sorriso estampado no rosto e nunca ficava parado, sempre estava carregando uma bandeja lotadíssima de chopes, porções para nos servir.
             Confesso que eu era um pouco “chato” e fazia questão de ser sempre o último freguês a sair do bar do Senhor Vicente, sempre tendo que arregaçar as calças, pois a casa já estava fechando, e ele jamais reclamava, apenas pedia gentilmente para que eu erguesse os pés, pois iria começar a lavar a casa e dizia que sempre havia tempo para beber mais um chope.
             A sexta-feira era o tradicional dia em que conseguíamos reunir a maioria do pessoal e chegávamos sempre alegres e imediatamente o Sr.Vicente reunia várias mesas na parte inferior do bar (subsolo) sempre conversando conosco, perguntando de fulano, cicrano e até da nossa família. Encantador aquele momento, as mesas eram colocadas uma ao lado da outra e geralmente ajudávamos para podermos iniciar nossos primeiros goles e degustarmos nossas primeiras porções.
               Eu trabalhava na Barra Funda, pegava o metro e descia na Estação República, caminhava pela Rua 24 de Maio e lá estava eu na frente do Bar do Sr.Vicente que eu considerava um verdadeiro Oasis no meio daquele transito infernal, barulho de buzinas, afinal estávamos vivendo na Metrópole onde tudo era possível.
               Existiu uma época que todos os dias à tarde nós encontrávamos para bebermos nossos chopes e conversarmos sobre o cotidiano e nossa turma era composta por pessoas muito legais: A minha querida irmã Selma, O Jair, Cilene, Sérgio, eu e alguns conhecidos que apareciam esporadicamente como convidados para juntar-se a nós e poder passar alguns momentos de plena felicidade.
               Uma bela recordação que tenho até hoje é que quando ficávamos até o inicio da madrugada, isto geralmente acontecia na sexta-feira o senhor Vicente fazia questão em acompanhar-nos até o ponto de ônibus que ficava na Praça do Correio e dizia que aquele gesto visava proteger-nos dos possíveis assaltos que acontecia na região. Já tinha freqüentado várias outras casas noturnas, bares, mas nunca tinha visto nada igual: O garçom acompanhar o freguês até o seu destino. Lindo, maravilhoso!  E assim o Sr.Vicente ia conquistando nossos corações e os nossos paladares e quando tínhamos que nos reunir para um happy-hour logo alguém da turma dizia: Bar do Sr.Vicente! Pronto lá estávamos nós sempre alegre e feliz ao lado do melhor garçom do Mundo: Senhor Vicente.
          Obrigado Senhor Vicente por momentos de tanta Felicidade e por ter participado em vários momentos da nossa existência sempre alegre e uma cordialidade incomparável.

2 comentários:

SUELY disse...

SO VC MESMO PRA TER BONS E VELHOS AMIGOS. pESSOAS QUE NOS FAZ SENTIR MUITO IMPORTANTE NESTE MUNDO. BJS. MANO

Ci disse...

Nossa que saudade desse tempo...saudades dos bates papos, cerveja, do galeto, da galera...saudade de você Luiz, dos carteados lá em casa, das suas piadas.:D