Os bons ventos estavam parados, havia muitas nuvens negras estacionadas sobre minha vidinha medíocre de vendedor de coxinhas pela periferia da grande Sampa e tomei uma atitude inexorável, porém necessária para sairmos daquele desconforto financeiro que tanto estava perturbando nosso sono angelical.
Olhava a porta da geladeira, onde estavam penduradas todas as contas atrasadas e dava vontade de chorar e quando abria a mesma, aí sim chorava de verdade, pois existia apenas água e várias bandejas de coxinhas para serem fritas e vendidas para pagarmos o aluguel, água, luz, imposto, fraldas, leite e se sobrasse algum trocado seria destinado para comprar um pouco de alimento. Que vidinha difícil!
Resolvi vender coxinhas na Feirinha da Madrugada, no Brás, em São Paulo e preparei estrategicamente um plano maravilhoso que não iria falhar em hipótese alguma.
Levantei-me às 2hs da manhã e comecei a Fritar as coxinhas e lá pelas quatro horas saí de casa com uma enorme caixa de isopor lotada de coxinhas, uma garrafa térmica de café e todas as contas atrasadas penduradas no pescoço, pois fazia parte da sensibilização humana. Era um novo apelo de marketing para vender todas as coxinhas e poder pagar as contas atrasadas.
Cheguei à Feirinha às cinco da manhã e fiquei na entrada principal que é na Rua Monsenhor de Andrade e assim que desci do ônibus já comecei a falar bem alto que eu estava vendendo as deliciosas coxinhas com direito a um cafezinho para poder pagar as contas atrasadas e mostrava sorridente as contas penduradas no pescoço.
O pessoal ficou espantado e muito sensibilizado e aos poucos foram chegando e comprando as coxinhas e eu sempre mostrava as contas atrasadas entre a venda de uma coxinha e outra e assim fui vendendo e conversando com os camelôs que tanto me ajudaram a vender todas as coxinhas e quando se aproximava nove horas já tinha vendido todas as coxinhas.
Soltei um enorme grito de Felicidade, embarquei no ônibus Edu Chaves/ Vila Madalena, desci na Praça da Padaria Bole-Bole e entrei rapidamente na Lotérica para pagar as contas atrasadas.
Muito Obrigado Camelôs da Feirinha da Madrugada que me ajudaram a sair daquele abismo financeiro e a conseguir retomar meu tranqüilo sono.
As nuvens dissiparam, os ventos começaram a assoprar delicadamente a nosso favor a partir daquele dia e até hoje quando experimento qualquer coxinha lembro-me daquele difícil momento com um gostinho danado de quero mais. As coxinhas, obviamente!
4 comentários:
Ótima história!
adorei ....o tempinho dificil ne + td tem seu tempo certo e vc graças a Deus conseguiu sair desse sufoco...bjs fika com Deus Sonia
boa estrategia tio,acho que nós tempos dificies temos que ser fortes,e mais uma vez fico orgulhoso do meu tio querido,um abraço de john.
Bravos tempos aqueles, que ate dá saudades dos tempos que compravamos em vez de vendermos rsrsr
Postar um comentário