2 de nov. de 2011

A COVEIRA


      Todo mundo tem amigos na vida, mas ter uma amiga que é coveira é pra poucos, muito poucos. Pois eu tive este privilégio de conhecer uma moça que é coveira aqui na cidade onde moro.
     Eu a conheci quando estava esperando chegar o corpo de um querido parente no portão principal do cemitério da cidade, eu estava fazendo uma grande reflexão sobre a vida quando olhei e lá estava uma moça sorridente, vestida com uniforme do cemitério, sentada sobre um túmulo. Não tive dúvida, era ela que tinha passado no último concurso, do qual participei para o cargo de Agente Comunitário. Aproximei-me e comecei a fazer algumas perguntas sobre o concurso, o porquê ter escolhido o cargo de coveira e comentei que tinha um blog onde contava histórias verídicas sobre o meu cotidiano e pedi autorização para escrever sobre ela e ela prontamente propôs a detalhar um pouco sobre o nobre cargo.
     Conversamos alguns minutos e fiquei sabendo muito sobre a vida no cemitério, sobre o difícil começo, a desconfiança dos colegas de trabalho, e repentinamente chegou um lindo carro preto trazendo o finado, despedi-me da coveira e fui acompanhar o enterro.
     Passado algum tempo, lá estava eu trabalhando como porteiro num Parque da cidade, eu estava na portaria principal e refletindo sobre o nada e lendo um pequeno livro e eis que aparece a coveira, ela estava transpirando muito e muito cansada, pois tinha ido pagar algumas contas na cidade e optou em passar pelo parque porque era o caminho mais curto.  Cumprimentou-me e disse estar muito apressada e precisava ir, pois naquele dia tinha morrido muitas pessoas. Rapidamente coloquei minha cadeira do lado de fora da guarita e pedi carinhosamente que se sentasse e descansasse um pouquinho que eu iria pegar um copo de água gelada para amenizar o calor.
    Peguei um pedaço de papel e dei a ela para enxugar o suor e ela ficou encantada com minha atitude e perguntou-me zombando o porquê de tanta dedicação e tanta gentileza e rapidamente sorri e disse: Pois é colega, tenho que tratá-la muito bem agora, pois daqui a algum tempo sou eu que estarei no seu local de trabalho e aí você lembrará quando passou por aqui e foi tratada muito bem e assim não jogará terra diretamente na minha cara e me tratará com muito carinho e  talvez até dirá  para algum presente daquele momento maravilhoso que esteve no Parque: Era gente boa, agora pertence aos vermes! Deixa comigo que eu enterro! Vai com Deus amigo! Fui! rsrsrsrs

2 comentários:

Luiz disse...

Nossa,que medo!

SUELY disse...

eSSE É O GESTO MAIS NOBRE PRA QUEM TEM MEDO DO CALOR, MAIS NUNCA MEDO DE MORRER, AFINAL...ESSE É O UNICO DESTINO DO FUTURO QUE TEMOS CERTEZA..
vC SEMPRE RECEBE BEM AS PESSOAS,SEJE EM QQUER LUGAR. TE AMO MANO.