O verdadeiro pastel de feira é o pastel de feira da periferia. Para comer um pastel de feira da periferia existe todo um ritual: há a necessidade, quase que uma obrigação, de ir acompanhado da “patroa”, entenda-se como esposa, companheira, amante ou mesmo a namorada. Mas tem que ir acompanhado(a) para que o prazer da degustação seja a dois.
Pode-se comer o pastel de feira logo quando se chega à feira ou ao terminar as compras, geralmente sempre pechinchando em outras bancas que é pra comer sempre mais um.
Pede-se licença, estaciona-se o carrinho de feira próximo à banca, que dependendo da hora já deve estar lotada de carrinhos. Se der muita sorte pode sentar num dos banquinhos carcomidos, que são reservados para os velhinhos e velhinhas, mas depois do meio-dia a chances são bem remotas de encontrar algum vazio.
Dependendo da periferia, o pessoal está todo uniformizado e consta até o nome da banca. E lá no fundo está um homem com os olhos puxadinhos, denunciando que é oriundo do Oriente, sempre sorridente e jamais desgrudando da escumadeira, sempre apontando aqui e alí para anunciar um freguês mais faminto e/ou apressado.
Em todas as feiras da periferia existem uma ou mais bancas de caldo de cana, a gostosa garapa, que geralmente fica ao lado da banca de pastel. Acredito que deva existir até uma parceria entre as duas bancas, mas até agora ninguém provou isso, então deixamos pra lá e vamos pedir os pastéis.
Entre várias pessoas, ergue-se o dedo indicador e pede-se com um rosto aflito: Um pastel de carne e um de frango com catupiri! Geralmente enquanto o Oriental frita os pastéis pede-se a garapa, que invariavelmente o dono pergunta se quer com limão ao abacaxi. O barulho do motor é ensurdecedor, mas o caldo é delicioso.
Nas manhãs de sábado, na Vila Maria Alta ou nas manhãs de domingo em Itaquera dava vontade de pedir “garapa com engove”, tamanha a ressaca do porre da noite anterior.
Quando os pastéis estão fritos jamais esquecer de colocar aquele tradicional vinagrete que pela sua aparência denota um sabor indiscutível e uma fatia de limão acompanha muito bem se for de carne o pastel.
Pastéis comidos e garapas bebidas, pede-se para embrulhar mais alguns pra ir comendo enquanto a “patroa” prepara o almoço de sábado ou domingo, que geralmente são mais demorados. Pode-se também levar a massa do pastel pra fazer alguns para serem comidos com uma boa cerveja gelada à noite.
Saciado, cheio e feliz paga-se e despede-se prometendo voltar na semana seguinte. Novamente pede-se licença para tirar o carrinho de feira e retorna-se para casa empurrando ou puxando o carrinho abarrotado de frutas e hortaliças dependuradas por toda a parte e tomando o maior cuidado para não amassar a “massinha”. Então é só aguardar mais uma semana para comer os tão deliciosos pastéis de feira da periferia.
Um comentário:
E VERDADE,QDO. VARIAS VEZES EU LEVEI PASTEL PRO nEL IR ENROLANDO ATE SAIR O ALMOÇO.RSRSRSsO VC MESMO PRA NOS LEMBRAR DE FATOS DE NOSSA VIDA. BJS. TE AMO
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