25 de set. de 2012

A PENEIRA



        E naquela noite resolvi pedir um “pouso” na casa da querida tia Terezinha em Guarulhos. A recepção foi maravilhosa e após algumas partidas de “truco”, boas conversas e risos ecoados  pela vizinhança fomos dormir sob uma garoa fina que caia lá fora.
         Os olhos ainda estavam semiabertos foi quando fiz um convite ao meu querido sobrinho Fernandinho para assistir a um jogo de futebol de outro sobrinho chamado Leonardo, que nós carinhosamente chamávamos de “Léo”, o garoto estava jogando muito futebol e iria participar de tal “peneira” que seleciona garotos para jogar num time profissional.
         Acordamos e imediatamente saímos para irmos até o Parque Ecológico do Tietê, onde aconteceria a tal “peneira” e quando chegamos ao ponto de ônibus disse ao meu sobrinho que iríamos a pé e ele quase voltou pra casa para continuar no seu belo e maravilhoso sono, parou, pensou e resolveu acompanhar o seu tio insano e lá fomos nós andando, andando e andando pela avenida Guarulhos, Ponte Alta até pegarmos a Rodovia Airton Sena sentido Rio de Janeiro.
         Durante o trajeto conversamos sobre tudo: escola, namoradas, curso de desenho, várias piadas e nada de chegar ao tal Parque Ecológico.
         A Felicidade em andarmos com jovens ao nosso lado é que nunca eles ficam cansados e sempre estão alegres e proseadores do mundo, do nada e sorriem de tudo e do nada e assim seguimos em frente sob uma tênue garoa que insistia em atrapalhar nossa caminhada para apreciar o maravilhoso e querido sobrinho Léo.
         Após duas horas caminhando sobre a Rodovia Airton Sena e deixarmos vários sorrisos para trás acabamos chegando ao Parque Ecológico do Tietê.
         A chuva já se fazia presente e posicionamos-nos atrás do alambrado esperando os garotos que disputariam quem iria poder participar de um time profissional e lá ficamos pacientemente aguardando os garotos entrarem e mostrar tudo aquilo que sabiam em matéria de futebol.
         O jogo começou e tínhamos certeza que nosso querido sobrinho Léo iria passar pela tal “peneira”, a chuva caía e os lances aconteciam...até que marcaram um gol e imediatamente fui abraçado pelo meu sobrinho Fernandinho dizendo que tinha sido um gol do nosso sobrinho Léo.
         A partida de futebol continuou e meu sobrinho fez mais um gol para nossa felicidade e tínhamos certeza que ele estaria aprovado para jogar num time profissional...
         Abraços carinhosos foram distribuídos sob a forte chuva e ficamos aguardando o resultado e com muita esperança do querido sobrinho Léo tornar-se um atleta profissional.
         Após uma semana recebemos a triste noticia que o meu sobrinho não tinha sido aprovado na tal “peneira”. A tristeza fez-se presente e eu questionei o que faltou para o garoto ser um atleta profissional: Um bom patrocinador ou talvez ser parente de um profissional do futebol. Dois gols, muita chuva pelo lombo e ainda receber um “não”....E viva o Brasil e viva os “boleiros”.
         As “peneiras” terminaram, o sonho evaporou-se pelo gramado, mas tenha uma certeza querido sobrinho Léo... você foi e sempre será o atleta do nosso coração! Parabéns pela tentativa e ficamos muito orgulhosos pela persistência! Valeu! Te amamos!

12 de set. de 2012

O ASILO



         E com o passar do tempo a gente vai conhecendo pessoas maravilhosas que aparecem na nossa vida e nos trazem um brilho fantastico, e a simpatia e o amor por esta pessoa fica muito difícil esconder da humanidade.
         Tive o prazer e a imensa alegria de conhecer várias pessoas iluminadas por Deus e de todas as pessoas que conheci existiu uma e apenas uma que com suas atitudes e demonstração de carinho e amor por pessoas, deixou-me várias semanas em grandes reflexões e indagando o tanto quanto é maravilhoso ser bom para com o próximo.
         Este meu amigo desde quando éramos adolescentes adorava estudar e eu adorava namorar, terminamos o ginásio e eu fui fazer o primeiro ano do colegial e este meu amigo entrou para estudar numa das melhores escolas de São Paulo para fazer o curso colegial só por tempo integral, então passava quase todo o tempo na escola estudando e estudando.
         Quando batia aquela saudade imensa eu aparecia na casa deste meu amigo para uma rápida visita aos sábados à tarde e interrompia suas leituras, mas eu era muito bem recepcionado e também não ficava por lá por muito tempo, apenas o suficiente para poder apreciar a força de vontade e a determinação deste meu amigo em querer estudar Medicina numa Universidade Pública.
         O tempo foi passando e este meu amigo entrou para fazer cursinho pré-universitário e eu todas às vezes que nós nos encontrávamos dizia a ele que não era necessário e que a escola em que ele tinha estudado tinha dado uma estrutura suficiente para prestar qualquer vestibular do planeta, ele sorria com ar de satisfação e falava:
- Pois é Luiz, eu agradeço muito sua força, mas talvez você não tem a mínima idéia do que é um vestibular de uma Faculdade Pública, é muita concorrência e todo estudo é pouco.
         Quando saiu a aprovação na Faculdade Pública fizemos uma festa intensa e lá foi meu querido amigo cursar medicina e nos distanciamos um pouco pela sua atividade intensa na faculdade.
         Às vezes aparecia na casa do meu colega para conversarmos um pouco e eu poder saber um pouco do mundo deste meu querido amigo e quantas vezes emprestava uma linda jaqueta da Faculdade de Medicina para desfilar pelas ruas do bairro onde morávamos.
         Assim que este meu querido amigo terminou a faculdade e começou a fazer residência em hospitais públicos sua notoriedade, simpatia e seu lindo coração começaram a cativar todos os profissionais da área da saúde e foi quando ele revelou seu maior desejo: Construir um asilo! Todos aprovaram a idéia, mas o projeto demorou um pouco para decolar e finalmente foi montado o asilo.
         Todos os velhinhos moradores de rua a partir daquele momento tinha um lar e todos os colegas médicos prestavam assistência aos velhinhos assim como muitas pessoas ajudavam naquilo que podia, fosse na limpeza, organização, alimentação entre tantos cuidados que todos os velhinhos tanto necessitam.
         O asilo funciona até hoje, sem fins lucrativos e todos os velhinhos que não tem família para lá são encaminhados e recebem muito carinho e uma palavra de amor deste meu amigo que orgulho muito em tê-lo até hoje.

11 de set. de 2012

AULAS DE INGLÊS



         A maneira de como eu aprendi inglês foi um pouco dolorida e até um pouco vergonhosa, mas foi necessário eu ter sido humilhado para tomar vergonha e aprender definitivamente o inglês.
         Enviei um curriculum para uma empresa americana na cidade de São Paulo e logo fui chamado para uma entrevista e exatamente no horário estipulado lá estava eu com os meus diplomas, minha carteira profissional e muita disposição em conseguir aquela vaga, pois a remuneração era excelente.
         Apertei o botão e logo o elevador chegou e desci no vigésimo primeiro andar de um elegante prédio comercial na Avenida Paulista.
         A elegância e o tratamento na recepção eram indescritíveis e logo fui recepcionado por uma linda garota com sotaque americano e cocei a cabeça e pensei: Acho que deve ser americana também e a garota foi logo anunciando que os candidatos deveriam falar inglês fluentemente, pois viajariam constantemente para os Estados Unidos e assim que ela anunciou que haveria a necessidade da fluência no idioma, vários candidatos começaram a ir embora foi aí que eu pensei: Fluente eu não sou, conheço somente as conjugações de alguns verbos e algumas palavras, mas vou ficar para ver no que vai dar.
         Sentei-me numa confortável cadeira e fiquei aguardando ser chamado para a entrevista e não demorou muito fui chamado pela educada recepcionista que me levou até o gerente da multinacional, desejou-me boa sorte e lá estava eu diante de um senhor elegante que pediu gentilmente para eu sentar e perguntou meu nome em inglês, pigarreei e comecei a suar frio diante daquele senhor que não sabia nenhuma palavra de português e o americano começou a falar, falar e falar desesperadamente e eu tentando achar qualquer legenda abaixei a cabeça e quase tive uma crise de choro.
         Após uns dois minutos do monólogo ele passou a mão no telefone e pediu para recepcionista pedir para eu retirar-me da sala, pois eu não sabia inglês, portanto não serviria para o cargo.
         Educadamente a recepcionista entregou-me a minha carteira profissional e eu desci pelas escadas com uma decisão que mudaria todo o rumo da minha vida: Iria aprender Inglês e tornar-se-ia fluente na língua.
         Assim que cheguei à minha cidade desci na rodoviária e fui a melhor escola de inglês existente naquela época e contei o ocorrido para o dono da escola e fui bem enfático: Necessito aprender inglês urgente e ele sorriu e colocou-me na melhor turma da escola.
         Era duas horas por dia de segunda a sexta-feira e nos finais de semana a gente se reunia para praticar o aprendido durante a semana e fui passando todos os estágios e após três anos eu já estava falando fluentemente e conseguindo traduzir várias normas técnicas americanas.
         Agradeço muito a minha não contratação naquela empresa, pois foi só assim consegui aprender mais um pouquinho e até hoje tem me ajudado em pesquisas e leituras de alguns livros. Thank you!

9 de set. de 2012

O SABIÁ LARANJEIRA



         A monotonia do cotidiano andava querendo surpreender-me e os horários milimetricamente estabelecidos no relógio para os afazeres do dia a dia estavam deixando-me um pouco entediado.
         Os horários impostos pelos compromissos do sobreviver às vezes deixam-me um pouco atordoado e lembro-me dos tempos em que eu não tinha relógio e o tempo era o agora.
         Naquela quinta-feira fui dormir exatamente no mesmo horário de costume e entrei em grandes reflexões sobre nossa existência e assim adormeci escutando belas músicas de um bar chamado “O Boêmio” que fica perto de casa.
         Acordei sobre o canto de um sabiá que insistia em cantar e cantar e cantar, não foi possível permanecer deitado e levantei-me lentamente e fui recepcionar meu mais novo amiguinho: O sabiá laranjeira.
         Coloquei um jarro de água no fogão para fazer o café matinal e fui apreciar a beleza de ser um pássaro e cantar maravilhosamente aquele horário, afinal eram apenas cinco e vinte da manhã e lá estava o meu amiguinho cantando despreocupadamente e olhando de soslaio ao seu redor. Não tenho inveja de absolutamente nada, mas naquele dia senti muita inveja do meu amiguinho sabiá. Talvez pela liberdade, pelo canto mavioso e por não ter horário com o cotidiano.
         Os dias foram passando, passando e descobri que o meu amiguinho também tem horário para o seu canto matinal e está estabelecido que o mesmo aparece no pé de goiabeira entre cinco horas até cinco e meia e depois levanta voo e vai não sei pra onde.
         O difícil e fazê-lo entender que aos sábados, domingos e feriados eu não trabalho, mas lá está ele a acordar-me às cinco da manhã.
         Aos finais de semana eu acordo no mesmo horário, abro a janela e desejo um bom dia ao meu mais novo amiguinho: O sabiá Laranjeira.

BOM DIA!



         A amizade com a Silvana tinha vários anos e ficamos verdadeiros amigos desde quando ela era adolescente e a conheci numa festa de final de ano quando a alegria e a felicidade invadia nossa casa.
         Os anos foram passando passando e nossa amizade foi fortalecendo-se e constantemente fazíamos o “happy-hour” nos finais de semana onde geralmente comíamos alguma pizza e bebíamos vários copos de chopes regados a vários sorrisos e uma ótima conversa.
         Os assuntos que conversávamos variavam muito e eu sempre adorava quando ela contava dos seus paqueras, pois a garota era muito linda e seus paqueras eram muitos.
         A minha querida colega trabalhava num banco e todos os dias a via sair da sua casa para ir ao trabalho e eu ficava imaginando: “Mas como ela veste-se bem, como ela é elegante, que perfume maravilhoso! E eu ficava imaginando que jamais ela iria trabalhar e sim iria a um shopping ou a alguma festa de rico.”
         Mas minhas dúvidas eram dissipadas quando a via atendendo os clientes com toda a sua elegância e simpatia como caixa no banco.
         Nas conversas das pizzarias eu sempre perguntava a ela qual teria sido a melhor cantada que ela já tinha recebido e num determinado dia ela disse:
         Olha Luiz, de todas as cantadas que recebi até hoje me recordo de um “caboclo” que todos os dias quando o banco abria lá estava o garoto na fila do meu caixa e eu atendendo a todos e quando chegava a vez do mesmo ser atendido ele simplesmente dizia: BOM DIA! Não quero absolutamente nada só passei por aqui para desejar um maravilhoso dia pra você e dizer que você é linda!
         A gente ria muito e depois eu perguntava a ela o final e ela dizia sorrindo: Encantador o gesto do garoto por enaltecer minha beleza, mas ele era muito feinho!
         Os risos ecoavam pelo estabelecimento e em seguida a gente chamava o garçom para servir mais alguns copos de chopes.