18 de jul. de 2012

MARÉ ALTA


                  E lá estávamos nós com uma enorme caixa de isopor no ombro lotada de sorvetes para vender na praia de Itamambuca, litoral norte de São Paulo.
                   O ritual era o mesmo, depois de viajar quarenta minutos pela  BR-55, destino Pincinguaba eu descia do ônibus na entrada da praia mais linda deste planeta, chamada: Praia de Itamambuca, em Ubatuba-SP.
                   Eu adorava vender sorvetes em Itamambuca, então caminhava até a entrada da praia e dirigia-me até o bar do Zé Prefeito, degustava alguns torresmos, algumas caipirinhas, desamarrava meu carrinho de sorvete que ficava trancado numa velha árvore, colocava minha enorme caixa de sorvetes e saia à procura dos meus primeiros fregueses.
                   Até chegar à praia não vendia nada, pois os preços dos meus sorvetes não eram nada doces e sim muito salgados... pois vendia os mesmos por um preço muito especial.
                   Sempre fazia algo diferente para agradar meus clientes: ora promovia alguma história e queria saber o final e quem acertasse ganhava um sorvete e outras vezes a grande diferença estava em colocar o meu carrinho de sorvete em cima de uma enorme pedra que ficava dentro de um riozinho que desaguava no mar e lá eu ficava apreciando todos sentado confortavelmente e de olho no carrinho para que o mesmo não desabasse pedra abaixo.
                   Os sorvetes eram vendidos para a criançada que ficavam nadando no riozinho e era muito divertido quando alguma moeda caia da mão da criançada e eu dizia que tinha que pegar a moeda no fundo do riozinho senão não venderia o sorvete e era muito engraçado ver as crianças mergulharem a procura das moedas perdidas e quase sempre encontravam e a alegria estava completa entre todos.
                   Aquele domingo estava todo especial, pois tínhamos sido presenteados com um dia maravilhoso, um céu que se misturava com o mar e um Sol que iluminava toda nossa felicidade.
                   O dia foi passando vagarosamente e todos pareciam muito felizes com aquele dia maravilhoso, pois eu escutava sorrisos altos motivados por boas doses de caipirinhas, crianças correndo, pulando, nadando e eu lá firme em cima da pedra com o meu carrinho de sorvete e alguns turistas até tiravam algumas fotos por ver um sorveteiro diferente com um carrinho numa pedra rodeado de água por todos os lados.
                   Quase todos os sorvetes tinham sido vendidos e era hora de sair do meu inusitado posto de trabalho e foi aí que aconteceu a grande surpresa: Não havia como sair de cima da pedra, pois a maré tinha subido e o carrinho teve que sair com a ajuda de muitas crianças que alegremente ajudaram-me a tirar o mesmo e após muito esforço coloquei meu carrinho na praia, distribui o restante dos picolés para a criançada e fui embora muito feliz e agradecendo a Deus por aquele dia maravilhoso. Dia de Maré Alta.

3 de jul. de 2012

CHURRASCOS NO SERÓDIO

           Existiu uma época em que morei num bairro chamado Seródio, em Guarulhos-Sp. Morava em pensões no centro de Guarulhos e sempre perguntava para minha querida tia Terezinha que quando ela soubesse de algum lugar “legal” para morar avisasse-me e passados alguns meses minha tia anunciou que tinha uma colega chamada Ester que possuía um cômodo muito simples que ela estava alugando e no mesmo quintal existiam três casas: Uma em que a Ester morava e outras duas estavam para alugar e assim fechamos o contrato: Iria morar meu primo Zezinho e família numa casa de dois cômodos e eu alugaria o outro cômodo e assim combinei com meu primo que quando ele fosse fazer a sua mudança colocaria meu colchão, alguns livros e lá estava eu mudado.
         O grande problema é que a mudança aconteceu num sábado e infelizmente eu estava trabalhando e não acompanhei a mudança.
        Saí da fábrica, eu e alguns colegas fomos beber várias cervejas e em seguida tomei uma lotação para o meu novo lar, só que existia um pequeno probleminha: Só sabia a nome da rua e que a mesma ficava próxima a um Circo escola, porém não sabia o número da casa.
         Logo que cheguei próximo ao circo escola o motorista anunciou que eu deveria descer naquele ponto, desci e caminhei até a rua e entrei num bar e comecei a perguntar a todos os frequentadores onde morava uma tal de Ester. Felizmente eu estava no bar do Zé que anunciou que a mesma morava em frente ao bar.
         Caminhei lentamente até o portão, bati palmas e logo avistei minhas queridas sobrinhas Camila e Carol dando-me boas vindas.
         Entrei e fomos comer uma pizza para comemorar o novo lar ao som do especial Roberto Carlos no final do ano.
         O tempo passou e quase todos os finais de semana a gente fazia um churrasco no imenso quintal da casa da Ester e era muito divertido quando em alguns finais de semana eu não queria fazer churrasco a minha sobrinha Camila dizia que poderia ajudar-me, pois seu pai, o Zezinho, tinha um cartão de crédito que ajudaria muito na compra das carnes, carvão e assim seguíamos para o açougue e comprávamos tudo, porém na hora de passar o cartão do seu pai o mesmo não tinha crédito e eu não devolvia as carnes de jeito nenhum, pagava com o meu cartão e assim seguíamos feliz para o nosso churrasco de finais de semana e minha sobrinha sempre dizia: Desculpa aí tio...eu não sabia que o cartão estava zerado! Os sorrisos e a Felicidade misturavam-se com o momento mágico dos churrascos muito improvisados de muita alegria e muitas histórias ao som de algumas boas músicas brasileiras. Saudades desta época! rsrsrs